07/06/2019
Realizada na quarta-feira (05), a ação contou com a presença de diversos movimentos pelo meio ambiente
No dia 05 de junho celebramos o dia Mundial do Meio Ambiente e, com o apoio da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), o Projeto Manuelzão pode realizar a AMA – Ação Meio Ambiente, que contou com a presença de representantes da luta pelo meio ambiente, como o Movimento pelas Águas e Serras de Minas (MovSam), o Observatório Lei.A, o Gabinete de Crise – Sociedade Civil, o Fridays for Future Belo Horizonte e o Movimento Pela Preservação da Serra do Gandarela.
Nos cantos que entoamos pelas águas e meio ambiente de Minas Gerais estavam presentes as vozes do cantor Tom de Minas e dos alunos da Escola Municipal Adalto Lúcio Cardoso. Juntos, deixamos claro: A luta pelo ambiente é uma luta pela vida!
“A nossa luta nunca para!”, destacou a ambientalista Maria Teresa Viana de Freitas Corujo, que citou as diversas lutas sendo travadas pelo meio ambiente e destacou a importância de proteger e preservar áreas como a Serra do Gandarela, do Rola Moça e da Moeda – fontes de recarga hídrica em nosso Estado.
Compondo a mesa de convidados, os jovens do Fridays for Future representaram as novas gerações de ambientalistas e alimentaram a esperança por um futuro melhor.
“A hora é agora, precisamos lutar pelo futuro ou não o teremos”, destacou uma das representantes do movimento, Roberta de Abreu Fantini Scarpelli.
A Importância do Meio Ambiente
Marcus Vinícius Polignano
Alguém poderia perguntar: Existem motivos para comemorar o Dia Mundial do Meio Ambiente diante de tanta destruição, mortes e crimes ambientais?
Não podemos reforçar a cultura da morte como sendo o caminho da civilização. O planeta Terra é um espetáculo de vida, que herdarmos como sendo a nossa casa comum. O dia 5 de junho não é um dia qualquer, é um dia para celebrar a vida no planeta Terra.
Fomos privilegiados. Em um universo de milhões de planetas e galáxias, habitamos o planeta Terra, que propiciou um ambiente de diversidade de vida incluindo a humana. Mas, este planeta não existe apenas para nós. Somos uma das últimas espécies a habitá-lo. Por aqui já existiam plantas, peixes, aves, mamíferos e a maior parte das espécies vivas.
Ganhamos de presente belezas incomensuráveis, florestas cheias de vida, rios, lagos e mares limpos e fartos. Toda a riqueza, diversidade biológica e água em abundância nos permitiu viver e evoluir neste planeta. O ar que respiramos, as plantas das quais nos alimentamos, as águas que consumimos: tudo isso depende de complexas relações que existem na natureza viva. Não sobreviveremos destruindo a nossa casa, o nosso ambiente.
Dados atuais da ONU mostram que 25.000 espécies de animais e plantas estão em risco de extinção, 41% dos anfíbios e mais de um quarto dos mamíferos correm o mesmo risco.
Um quarto das mortes prematuras e das doenças que se proliferam atualmente no mundo estão relacionadas à poluição e aos outros danos ao ambiente. A poluição do ar mata entre 6 a 7 milhões de pessoas por ano. A contaminação dos rios mata 1,4 milhões de pessoas. A utilização de antibióticos na produção alimentar pode resultar no surgimento de bactérias ultra resistentes. Os pesticidas impactam negativamente os polinizadores, produzem doenças, e destroem diversas espécies; o uso em excesso de fósforo e nitrogênio na agricultura continua a contribuir para a eutrofização dos rios e mortes nos oceanos.
Os nossos rios estão sendo intoxicados com agrotóxicos, esgotos doméstico e industrial, lama de mineração. E é importante lembrar: sem água não há vida. Em Minas Gerais, os crimes ambientais da mineração no rio Doce e no rio Paraopeba, além da ameaça de rompimento de diferentes barragens, colocam em risco pessoas, cidades, histórias, e segurança hídrica.
O lucro e a ganância não têm limites e expõe a vida no planeta ao risco de extinção.
A ganância humana torna qualquer pedaço de terra igual ao outro. A ganância faz do homem um estranho, que vem à noite e rouba da terra tudo quanto necessita. A terra não é sua irmã, nem sua amiga, e depois de exauri-la ele vai embora. Deixa para trás o túmulo de seu pai sem remorsos. Rouba a terra de seus filhos, nada respeita. Esquece os antepassados e os direitos dos filhos. A ganância empobrece a terra e deixa atrás de si os desertos.
Não existe justificativa para empreendimentos que produzam como resultado mortes de pessoas, de biomas, e de rios. Povos, territórios e culturas tradicionais estão sendo esmagados, violados e destruídos em nome de uma civilização que se diz racional e comprometida.
A AMA – Ação Meio Ambiente propõe neste Dia Mundial do Meio Ambiente uma reflexão: não somos à parte, fazendo parte do ambiente. A civilização tem que assinar um novo e grande pacto pela vida e pelo ambiente. A vida é o único bem maior que temos.
Temos que ter atitudes pessoais, empresariais e governamentais pela manutenção de um meio ambiente sadio e equilibrado, assim como diz o artigo 225 da constituição brasileira;
De uma coisa sabemos. A terra não pertence ao homem: é o homem que pertence à terra, disso temos certeza. Todas as coisas estão interligadas, como o sangue que une uma família. Tudo está relacionado entre si. Tudo quanto agride a terra, agride os filhos da terra. Não foi o homem quem teceu a trama da vida: ele é meramente um fio dela. Tudo o que ele fizer à trama, a si próprio fará.
Por mais doloroso que seja, é importante lembrar as vítimas de Mariana e Brumadinho não pelas suas mortes, mas pelas suas histórias de vida. Devemos pensar, como afirma Guimarães Rosa, “as pessoas não morrem, ficam encantadas”.
Acreditamos que aquelas áreas devastadas não devem ter apropriação econômica, e que devemos mantê-las como um grande memorial que nos permita sempre reverenciar os que partiram e refletir sobre as ações antrópicas que estamos fazendo ao ambiente.
Por fim, viva a vida!