28/04/2016
Indignado diante das ameaças, perseguições e violência que vem sofrendo em seu sítio, o ambientalista Jurandir Persichinni Cunha esteve na Assembleia Legislativa de Minas, na última quarta-feira(27).
O ambientalista e jornalista Jurandir Persichinni Cunha esteve na Assembleia para denunciar a situação a Comissão de Direitos Humanos da Casa.
Segundo ele, nos últimos meses, seu sítio foi roubado e incendiado. Os dois atos criminosos podem estar ligados ao fato de ele defender o meio ambiente local, assim como um trecho da Estrada Real que atravessa a região e que estaria na mira de especuladores imobiliários e empresas mineradoras. “Há cerca de um ano e meio, tenho enviado, ao Ministério Público, à Ouvidoria da Polícia Militar, à Secretaria de Estado de Defesa Social e às delegacias de Polícia locais, pedidos de investigação quanto às invasões, registrados em dezenas de boletins de ocorrência”, disse.
Inércia e abandono
Persichinni acusou o poder público de tê-lo abandonado. “Tenho sido vítima de delitos por marginais e grileiros. Possuo uma pequena propriedade que foi arrombada, que teve todos os móveis e utensílios roubados e depois incendiada. Temo que tenha que dispor do meu sonho e sair dali em busca de Justiça porque estou sendo ameaçado de morte”, lamentou.
Em seu favor falaram a representante do Movimento de Preservação da Serra do Gandarela, Maria Tereza Viana de Freitas Corujo e o idealizador do Projeto Manuelzão, Apolo Heringer. Ambos prestaram solidariedade a Persichinni e afirmaram que a violência cometida contra ele vai além de uma simples ocorrência policial. Para eles, trata-se da perseguição de empresas mineradoras.
“O local sofre com a especulação imobiliária e a exploração minerária. Há ambientalistas que já foram assaltados mais de sete vezes.
O setor minerário quer legalizar como locais de lavra todo o território de Rio Acima”, afirmou Maria Tereza ao revelar que a empresa Vale quer fazer uma barragem de rejeitos muito maior, por exemplo, que a de Fundão, que rompeu em Mariana, em novembro do ano passado. “Há um esquema que envolve órgãos do poder público e as grandes mineradoras”, acusou.
Já Apolo Heringer Lisboa, pediu que o caso seja elucidado com urgência. Na opinião dele, as polícias estão se omitindo, já que a violência é crescente na cidade e no campo e a impunidade impera. “Não concordo que o problema seja só o mau aparelhamento das forças de segurança, porque quando uma autoridade sofre violência, o poder público age rápido”. Ele também cobrou mais efetividade das investigações e respostas rápidas à comissão. “A questão não é mais pessoal de Jurandir Persechinni, mas é o fato de criminosos serem presos, depois soltos e continuarem roubando e ameaçando as pessoas”.
O que diz a Polícia
O delegado de Polícia Civil de Nova Lima, Fernando Pinheiro, que responde por Rio Acima, disse que as denúncias são graves e devem ser apuradas com rigor porque apontam para crimes contra a vida, a propriedade e o meio ambiente.
Como informou, já há uma linha de investigação em curso. “A violência é um problema estrutural de todo País, e o Estado precisa dar uma atenção especial ao problema, incrementar os investimentos e promover mais segurança”. O delegado comprometeu-se a intensificar os esforços para que a investigação avance.
Encaminhamentos
Diante das denúncias do jornalista, o presidente da comissão, deputado Cristiano Silveira (PT), disse que a violência sofrida por ele pode ter relação com sua atividade como ambientalista e, diante disso, apresentou requerimentos com pedidos de providência sobre o caso, que serão aprovados nas próximas reuniões.
As notas taquigráficas da reunião serão enviadas à Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), ao Conselho de Política Ambiental (Copam); à Delegacia Regional de Nova Lima; à chefia de Polícia Civil, ao Ministério Público e ao Comando-Geral da Polícia Militar.
Outra Audiência será realizada para verificar as solicitações.