07/01/2016
É o caso do Parque do Brejinho, no bairro São Francisco, região da Pampulha. Com intervenções aprovadas no Orçamento2007/2008, a comunidade ainda reclama que a infraestrutura prevista não foi completamente implantada.
Quinze parques municipais espalhados por diferentes regiões da cidade, que poderiam ser pontos de lazer e educação ambiental, são completamente inacessíveis ao belo-horizontino. As áreas verdes totalizam mais de 745 mil metros quadrados – o correspondente a mais de 74 campos de futebol –, com variedades da fauna e flora desconhecidas da população.
Segundo a Fundação de Parques Municipais (FPM), cinco áreas são isoladas por questões de preservação ambiental, como a Nascentes da Barragem Santa Lúcia, que conserva cursos d’água responsáveis por abastecer reservatórios de água da região Centro-Sul. Entretanto, a maior parte (dez parques) está isolada por falta de infraestrutura, como cercamento, calçadas, bebedouros, guaritas e banheiros, além de funcionários responsáveis pela manutenção e gestão dos espaços.
É o caso do Parque Ecológico do Brejinho, no bairro São Francisco, região da Pampulha. Com intervenções aprovadas no Orçamento Participativo (OP) 2007/2008, a comunidade da região reclama que a infraestrutura prevista para o local não foi completamente implantada. Estavam previstas áreas de lazer, pistas de caminhada e corrida, área de camping, dentre outras, mas o terreno apenas foi cercado e colocada uma guarita.
“As nascentes estão abandonadas. Não existe cuidado algum. A prefeitura prometeu cuidar do espaço e não está fazendo nada. Tem incêndio e as pessoas estão transformando o parque em um bota-fora”, disse a aposentada Dalva Lara Correia, de 68 anos, que há 17 luta pela preservação da área verde.
Segundo ela, em 2011, 16 mil metros quadrados do parque foram desapropriados para a construção de uma bacia de contenção do córrego São Francisco. “Eles não conseguem terminar essa obra e a do parque também ficou parada. Isso está deixando a comunidade muito chateada”, afirma.
No Parque Ecológico Vida e Esperança, localizado no bairro Tirol (Barreiro), a situação é parecida. Após obras de cercamento e instalação de guarita realizadas por meio do Orçamento Participativo, em 2006, o espaço foi abandonado.
“Queremos conseguir entrar na área do parque, poder visitar as nascentes. Que restaurem a guarita para que a comunidade possa utilizar o local para desenvolver atividades”, disse a presidente da associação de moradores, Marlene das Dores de Lana Gomes. Atualmente, o lugar virou ponto de uso de drogas e há assaltos constantes.
Respostas
Questionada sobre os parques fechados por falta de infraestrutura, a Fundação de Parques informou que é apenas responsável pela manutenção e administração dos espaços, não tendo autonomia para modificá-los.
A reportagem entrou em contato com a Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) para esclarecer se existe um cronograma de abertura das áreas, mas não obteve resposta.
Abertura dos espaços ao público poderia impulsionar conscientização ambiental
Para a superintendente executiva da Associação Mineira de Defesa do Ambiente (Amda), Maria Dalce Ricas, os parques municipais fechados são o retrato do descaso e do retrocesso da preocupação ambiental das administrações públicas em BH ao longo dos anos. “Os poucos parques que estão abertos, considerando o tamanho da cidade, são insuficientes para proporcionar contato com o ambiente natural e lazer para a população”, disse.
A abertura das áreas ampliaria o contato dos belo-horizontinos com o meio ambiente e ainda permitiria a utilização como instrumento de educação ambiental, segundo a superintendente.
“Hoje são locais sem proteção e isso os tornam depósitos de lixo, abrigos para assaltantes, ambiente propício para queimadas e invasões, como aconteceu na Mata do Izidoro”, lamenta Dalce.
Baixo custo
A abertura dos parques, segundo ela, poderia ser feita com baixo investimento. Cercamento, abertura de trilhas, pequenas praças com bancos de madeira, além de monitores e um gerente de parque já seriam suficientes para provê-los do mínimo de estrutura.
“Dependendo do tamanho, poderiam gerar renda e ser incluídos em uma parceria público-privada”, completa Dalce. Até mesmo as áreas fechadas por questão de preservação, poderiam, acredita a superintendente, ser abertas parcialmente para atividades educativas, sem prejuízo ao meio ambiente.
Matéria veiculada no jornal Hoje em Dia. Data: 03/01/2016 09:01 – Atualizado em 03/01/2016 09:01