Revista Manuelzão 86 - Projeto ManuelzãoProjeto Manuelzão

Revista Manuelzão 86

20/12/2019

A indicação parece clara: não importa quão duro seja o presente, devemos ousar reinventar o futuro. Com esse chamado, encerramos 2019, já buscando fôlego para continuar os enfrentamentos do próximo ano.

Em busca de novos caminhos

O ano de 2019 exigiu muito de todos nós. Em mais de 20 anos de Projeto Manuelzão, talvez nunca tenhamos presenciado uma crise tão complexa, diversificada e contundente. A recente “expressão do ano”, escolhida pelo Dicionário Oxford, não poderia ter sido mais acertada: “climate emergency” ou, em português, “emergência climática”.

A última edição deste ano da nossa revista traz um panorama da gravidade desse tema. No Brasil, a desastrosa gestão do Ministério do Meio Ambiente foi evidenciada pelo despreparo no enfrentamento de tragédias históricas: o rompimento da barragem da Vale sobre o rio Paraopeba, as queimadas e desmatamento recorde na Amazônia, o ainda pouco esclarecido derramamento de óleo ao longo de boa parte do nosso litoral e a presença cada vez mais inevitável do agrotóxico em nossos cotidianos. Ao mesmo tempo, o Conama, órgão essencial de participação popular, tem sido desmontado.

São desafios de grande escala que impactam no nosso dia a dia. O ano de 2020 traz consigo perspectivas dramáticas para o abastecimento de água na região metropolitana de Belo Horizonte e para a vida dos rios mineiros. Além do rio Paraopeba, Bicudo e das Velhas também pedem socorro. Nas instâncias administrativas, o governo estadual avança fortemente contra os Comitês de Bacias Hidrográficas, com uma proposta de reestruturação das governanças hídricas.

Apesar do grave cenário, como sempre a inspiração para a luta vem das bases. Desde a organização dos atingidos por barragens, até o engajamento das novas gerações pela transformação do mundo. Recentemente, a revista americana Times elegeu a jovem ambientalista Greta Thunberg como personalidade do ano. Em Belo Horizonte, por exemplo, jovens se mobilizam pela sensibilização ambiental com Cicloexpedições, que desvelam o drama dos nossos rios urbanos canalizados.

A indicação parece clara: não importa quão duro seja o presente, devemos ousar reinventar o futuro. Com esse chamado, encerramos 2019, já buscando fôlego para continuar os enfrentamentos do próximo ano. Esperamos que a leitura desta edição cative no leitor também esse espírito e que possamos contar com cada um ao nosso lado nos desafios que se avizinham.

 

Marcus Vinícius Polignano

 

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