04/08/2020
O dia em que a Terra parou
“Enquanto escrevo este editorial, tive a oportunidade única na minha vida de ver a passagem do cometa Neowise. Este cometa somente voltará a passar por aqui daqui 6.765 anos. No momento em que ele passa, estamos vivendo uma grande crise planetária. As nossas ações antrópicas, baseadas num modelo econômico de exploração intensa
dos recursos naturais, ameaça a sobrevivência do homem e de outras espécies. O aquecimento global, a contaminação das águas, a destruição de ecossistemas, como a destruição da Amazônia, são exemplos desses descaminhos.
Vivemos uma pandemia global de um novo coronavírus, que expõe a fragilidade biológica da espécie humana. Para além dela, temos a pandemia da fome, da exclusão social, da ganância econômica, das discriminações sociais.
O Projeto Manuelzão sempre defendeu que a questão ambiental é inseparável da
questão da justiça social, da paz e da democracia. As necessidades de todos os ecossistemas, inclusive humanos, que se concentram cada vez mais nas cidades, exigem cuidados especiais para se sustentarem dentro de uma perspectiva democrática, de justiça e paz.
Libertar a política do calendário eleitoral imediato e da ditadura do capital é essencial para equacionarmos, em longo prazo, as demandas sobre os recursos naturais e os seus efeitos sobre os ecossistemas. O centro da questão ambiental é a constituição de um modelo de economia com base global, que garanta a todos os seres humanos
– e aos demais ecossistemas – a sobrevivência e o desenvolvimento, valorizando a diversidade cultural e apagando as fronteiras entre países, classes e raças.”
Marcus Vinícius Polignano
Coordenador do Projeto Manuelzão