28/11/2017
O descaso da Samarco foi o centro das atenções e mereceu um manifesto realizado pelos ambientalistas que com cruzes nas mãos representaram os mortos do desastre.
A
tarde do primeiro dia do III Encontro Internacional de Revitalização de Rios e I
Encontro das Bacias Hidrográficas de Minas Gerais (28/11) começou com fortes
debates entre os palestrantes e os movimentos ambientais que presenciaram o painel.
A discussão em torno dos desafios da recuperação do Rio Doce, impactado com a
lama da barragem de Fundão da mineradora Samarco, que rompeu há dois anos, foi
o centro das atenções e mereceu um manifesto realizado pelos ambientalistas que
com cruzes representando os mortes do desastre chamaram a atenção para o caso.
O painel que
foi mediado pelo professor Tarcísio Márcio Magalhães, da Faculdade de Medicina
da UFMG ainda contou com Leonardo Deptulski, do Comitê da Bacia Hidrográfica do
Rio Doce; Camilla Laranjeira Brito, do MAB (Movimento dos Atingidos por
Barragens); Cristiana Losekann, da UFES (Universidade Federal do Espírito
Santo); Andréa Azevedo, da Fundação Renova e Regina Pimenta Assunção, do IGAM
(Instituto Mineiro de Gestão das Águas).
Muito
questionado pelos ambientalistas, o representando do Comitê da Bacia do Doce,
Deptulski questionou o que a sociedade tem feito para reduzir os riscos das
barragens de rejeito da mineração. “Precisamos primeiramente reduzir o passivo
que já existe, as centenas de barragens que já temos e que, hoje,
comprovadamente já são um risco iminente. Em segundo lugar, precisamos pensar
daqui pra frente como nós vamos continuar tratando a mineração e a destinação
dos rejeitos”, disse.
Mais
enfática em suas posições, e em tom de denúncia, a representante do Movimento
dos Atingidos por Barragem (MAB), Camilla Laranjeira Brito, relatou sobre os direitos
humanos e que estes, estariam sendo violados.
Segundo
ela, desde o rompimento muitos direitos não foram adquiridos pelos atingidos
como o da moradia, das indenizações e, também, o da informação e acesso à justiça.
Camilla relatou as dificuldades do reconhecimento dos atingidos pela Fundação
Renova e questionou como e onde foram aplicados R$ 2,5 bilhões.
Regina Pimenta Assunção, do IGAM, apresentou os resultados do
monitoramento especial da Bacia Hidrográfica do Rio Doce pós-rompimento e destacou
que a análise se refere à água bruta do rio, e não ao que é diretamente
destinado às populações após tratamentos das empresas concessionárias. Representando
a Fundação Renova, sua diretora Andréa Azevedo apresentou as formas
de governança da Fundação e os programas de reparação que estão sendo
desenvolvidos.
Terminado painel, os representantes do Fórum de Comitês de Bacias
mineiros seguiram para o encontro da entidade.