Está no ar a Revista Manuelzão 87 - Projeto ManuelzãoProjeto Manuelzão

Está no ar a Revista Manuelzão 87

05/08/2020

Primeiro número após o início da pandemia reflete sobre como essa crise planetária sem precedentes ressalta a necessidade de alterarmos o curso das nossas ações antrópicas, baseadas num modelo econômico de exploração intensa dos recursos naturais

O dia em que a Terra parou

Enquanto escrevo este editorial, tive a oportunidade única na minha vida de ver a passagem do cometa Neowise. Este cometa somente voltará a passar por aqui daqui 6.765 anos.

No momento em que ele passa, estamos vivendo uma grande crise planetária. As nossas ações antrópicas, baseadas num modelo econômico de exploração intensa dos recursos naturais, ameaça a sobrevivência do homem e de outras espécies. O aquecimento global, a contaminação das águas, a destruição de ecossistemas, como a destruição da Amazônia, são exemplos desses descaminhos.

Vivemos uma pandemia global de um novo coronavírus, que expõe a fragilidade biológica da espécie humana. Para além dela, temos a pandemia da fome, da exclusão social, da ganância econômica, das discriminações sociais.

O Projeto Manuelzão sempre defendeu que a questão ambiental é inseparável da questão da justiça social, da paz e da democracia. As necessidades de todos os ecossistemas, inclusive humanos, que se concentram cada vez mais nas cidades, exigem cuidados especiais para se sustentarem dentro de uma perspectiva democrática, de justiça e paz.

Libertar a política do calendário eleitoral imediato e da ditadura do capital é essencial para equacionarmos, em longo prazo, as demandas sobre os recursos naturais e os seus efeitos sobre os ecossistemas. O centro da questão ambiental é a constituição de um modelo de economia com base global, que garanta a todos os seres humanos – e aos demais ecossistemas – a sobrevivência e o desenvolvimento, valorizando a diversidade cultural e apagando as fronteiras entre países, classes e raças.

A pergunta que se coloca é: como o cometa encontrará o planeta Terra no seu retorno pelo sistema solar?

É difícil fazer um exercício de futurologia, pois teremos mais perguntas do que respostas. Mas, algumas certezas nós temos. Primeiro, não estaremos mais vivos, mas o que fizermos hoje será decisivo para o futuro. Segundo é que este é o único planeta cujo destino depende de uma espécie que nele habita: a espécie humana. Terceiro, aqueles que virão depois de nós, dependem de um pacto transgeracional capaz de manter as condições essenciais de vida no planeta.

O desafio é imenso. Infelizmente, ainda fazemos parte de uma sociedade que se nega a pensar de forma ecossistêmica, que planeja somente o hoje, sem maiores preocupações para com o amanhã.

Não somos os donos deste planeta. Fazemos parte da complexa teia da vida. Estamos todos convivendo e dependendo desta espaçonave chamada Terra.

Você pode acessar a revista aqui.

Marcus Vinicius Polignano
Coordenador do Projeto Manuelzão

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