21/08/2020
Artigo também conseguiu, pela primeira vez, identificar os produtores responsáveis por casos entre 2008 e 2018
Um grupo de pesquisadores liderado por cientistas da Universidade Federal de Minas Gerais produziu um estudo que identifica os produtores de carne e soja que estão potencialmente ligados ao desmatamento ilegal para a ampliação de pastagem entre 2008 e 2018. O trabalho, que foi conduzido pelos professores Raoni Rajão e Britaldo Soares-Filho, foi feito com o desenvolvimento de um software de alta performance que analisou 815 mil propriedades rurais individuais.
O artigo The rotten apples of Brazil’s agribusiness (Maçãs podres do agronegócio brasileiro) foi publico na Science, uma das revistas acadêmicas mais prestigiadas do mundo. Segundo o text, um quinto das 53 mil propriedades que produzem soja na Amazônia e no Cerrado cultivaram em terras desmatadas durante o periodo analisada. No que diz respeito a produção bovina, o estudo aponta que pelo menos uma em cada oito das 4,1 milhões de cabeças negociadas em matadouros por ano são proveniente de áresa desmatadas ilegalmente.
Raoni Rajão, que coordena o Laboratório de Gestão de Serviços Ambientais, vinculado ao Departamento de Engenharia de Produção, da Escola de Engenharia e é um dos líderes do projeto,ressalta que os dados obtidos podem ajudar a combater a destruição da Amazônia e do Cerrado com o apoio da União Europeia. Isso devido às restrições impostas para a importação de produtos da agropecuária associados ao desmatamento ilegal.”Passa a ser viável monitorar a cadeia de suprimentos e distinguir o desflorestamento legal do ilegal”, destacou o pesquisador, lembrando da política do bloco europeu que impede a compra de commodities provenientes de áreas desmatadas ilegalmente.