Gabinete de Crise denuncia: risco hídrico, terrorismo de barragens e violação de direitos

15/04/2019

Gabinete de Crise denuncia terrorismo de barragens e abuso de mineradoras

Na coletiva de imprensa do Gabinete de Crise – Sociedade Civil, que aconteceu nesta segunda-feira (15), o coletivo divulgou dados importantes quanto aos abusos da mineração em Minas Gerais. Entre as denúncias feitas estão o terrorismo de barragens, o uso dos comunicados da mineradora Vale como propaganda enganosa, o risco de crise hídrica na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e a violação de direitos dos atingidos pela situação de risco imposta pelas barragens sem garantia de segurança. Além disso, o Gabinete declarou repúdio à possibilidade de premiar a mineradora infratora com a concessão da administração de parques nacionais, sem o devido processo de legal.

Nas palavras do prof. Marcus Vinícius Polignano, coordenador do Projeto Manuelzão, “Se a Vale não consegue controlar seus próprios empreendimentos, como é que será capaz de preservar esse patrimônio público?”.

Polignano também destacou em sua apresentação as manchas de inundação das barragens de rejeito que podem atingir os sistemas de captação de água que abastecem a Região Metropolitana de Belo Horizonte, assim como os efeitos de um possível rompimento sobre as comunidades de Nova Lima, Honório Bicalho, Sabará, Raposos, entre tantas outras colocadas em risco.

Convidado pelo Gabinete a relatar a situação vivida pela comunidade de Socorro, distrito de Barão de Cocais, Rafael Gomes descreveu o desespero da população com a insegurança gerada pela barragem da mina Gongo Soco. Cerca de 500 pessoas foram retiradas de suas casas, mas os danos à comunidade vão além da interrupção da vida cotidiana desse grupo.

“Fora as 500 pessoas retiradas, outras 9 mil estão na mancha de inundação. Ainda assim, a mineradora não tem tratado essas pessoas como atingidos. Nem as perguntas feitas pelas comunidades tem sido respondidas e, além disso há uma tentativa da empresa de separar os atingidos, negociando soluções individuais”, relatou.

Para a professora e advogada Letícia Soares Peixoto Aleixo, da Clínica de Direitos Humanos/UFMG, essa é uma prática recorrente, já vista em Bento Rodrigues, à ocasião do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana. “Toda a rede de relações sociais é rompida nesses casos, mesmo que a barragem não se rompa, como em Barão de Cocais”, afirma a a professora, que completa afirmando que essas atitudes não contemplam uma reparação integral do dano causado pelas empresas.

Por fim, o engenheiro Euler Cruz, membro do Fórum Permanente São Francisco, criticou a ausência de um plano de contingência para a crise hídrica instaurada pelo risco de rompimento de diversas barragens, e pôs em cheque a real necessidade da mineração para a economia dos municípios e até mesmo do estado.

De acordo com Cruz, apenas 3% da economia de Minas Gerais se beneficia da mineração, enquanto isso as empresas mantém controle da população sob a ameaça de fechamento de postos de trabalho. “É necessário um plano de contingência econômica, já que a participação da indústria de extração está em decadência no PIB de Minas Gerais. Essa é uma tendência do setor e esses postos de trabalho já estão sendo perdidos”, afirmou.

É possível conferir as apresentações feitas na coletiva de imprensa e o material distribuído clicando aqui.

 

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