Idealizador do Projeto Manuelzão envia carta de sugestões a candidatos a prefeitura de Belo Horizonte

17/08/2016

Texto fala dos compromissos assumidos, das promessas não realizadas e de diversas propostas ambientais para as políticas públicas voltadas a essas áreas na capital.

Enviado a dois candidatos a prefeito de BH que me procuraram pedindo sugestões:

“A luta partidária foi ao chão e não motiva a sociedade, só aos candidatos que usam-na como expediente pragmático, que ao escrever ou pronunciar, confundem com programático. Vide conversa recente com Khalil! Isto dificulta a entrada de muitos e muitos nas campanhas.
A questão ambiental inclui mobilidade, qualidade das moradias, gestão de solo e chuvas, dos resíduos sejam sólidos, líquidos e gasosos, tóxicos ou não, a macro política de distribuição de renda e todas formas de segregação social.
A qualidade da integração urbana e social ao ambiente determina a qualidade de vida. É a opção necessária se quisermos saúde, paz, alegria de viver, justiça. Não são itens separados.

Esta é a visão ecossistêmica da vida, da economia, da política.
A rede hidrográfica de BH, basicamente composta pelos ribeirões Arrudas e Onça, envolvem BH e Contagem. Suas nascentes mais remotas estão na serra do Rola Moça, ou em bairros de Contagem como Riacho, Eldorado, drenando via ribeirão Ferrugem para o Arrudas ou dos bairros Nacional e outros, das nascentes do ribeirão Sarandi, que drenam para a represa do ribeirão Pampulha.
Esta rede hidrográfica se estende das serras do Rola Moça e do Curral até os limites norte e noroeste da região de Venda Nova vertendo para as regiões de Santa Luzia e Sabará limítrofes com BH. Trata-se de rede hidrográfica significativa para ter suas margens utilizadas para lazer e mobilidade urbana. Toda a política ambiental poderia ser integrada temática e geograficamente a esta região, construídas parte desta rede integradora, que tem só em BH 700 quilômetros sendo em torno de 400 quilômetros estão ainda sem canalização, embora impactadas.

São áreas escondidas por ocupações, fundos de quintais, cobertura vegetal, mas que podem ser visualizadas via satélite, por mapas hidrográficos e aerofotográficos. Formam duas espinhas de peixe paralelas integradas por afluentes das duas margens de ambos. São áreas à espera de um cuidado de arquitetura paisagística urbana. Que resistiram às canalizações, especuladores imobiliários, etc e poderiam agora cumprir um papel qualificado no território urbano saturado por ruas e trânsito de veículos. Estes espaços são significativos e não podem ser vistos e “aproveitados” na concepção de empreiteiras ou para novas vias de veículos. Um exemplo de aproveitamento qualificado e a barragem que produziu o espelho d’ água de Santa Lúcia, de convivência entre classes sociais bem diferentes, de lazer, de integração, de contenção de inundações etc.

Tem a praça ou lagoa seca ao lado BH Shopping, com funções semelhantes. E centenas ou milhares de outros pontos a serem conectados por gente com a cabeça diferente das que controlam a Sudecap. E com a mobilização e debate urbanístico com a sociedade.
A Copasa teria que ser chamada às contas! Hoje não investe o necessário para zerar os lançamentos de esgotos em cursos d’água e prática o crime ambiental das canalizações de córregos.
A Cemig teria que “enterrar” sua fiação e ser impedida de desfigurar as árvores com podas monstruosas. Proíbe crianças de soltar pipas, seus fios de alta tensão descobertos matam milhares de aves anualmente. Tanto a Copasa quanto a Cemig não estão atuando como empresas públicas.

A Pampulha resume tudo. É o cenário histórico ideal para estudar a mentalidade civilizatória da construção de BH. Espelho d’água de uma bacia de aprox. 98 km quadrado de área em 2 municípios, diz sobre maquiagem de problemas, gastos enxugando gelo, gastos enormes para fins eleitoreiros, descaso com lixo, esgotos, invasões de espaço público, e a lagoa da barragem do ribeirão Pampulha sendo assoreada irremediavelmente a cada ano por lixo, esgotos, terra, biomassa de vegetação de áreas eutrofizadas e antropofisadas. A solução teria que cessar o saudosismo sem base na história real do empreendimento, criado pela propaganda. E gerar com participação social um novo projeto Pampulha com o que restou, com o potencial existente, que dê vida aos seus bairros de casarões por vezes fantasmas, revitalizando e integrando seus quarteirões. A Pampulha ainda é muito forte. Mas a malversação de fundos públicos tem que cessar.

 

Artigo: Apolo Heringer Lisboa
Idealizador/fundador do Projeto Manuelzão (PMz)
São Francisco/Doce watershed-cuenca/Brasil
Site: http://www. apoloheringerlisboa.com/
Facebook: https://www.facebook.com/ apoloheringerlisbo

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