28/09/2020
No programa Chamada Geral, Marcus Vinícius Polignano apontou que o dano causado pelo rompimento é sistêmico e afeta diferentes grupos como pescadores, agricultores e pequenos comerciantes
Nesta segunda-feira (28), o coordenador do Projeto Manuelzão, Marcus Vinícius Polignano, concedeu uma entrevista ao programa “Chamada Geral”, da Rádio Itatiaia, sobre os danos do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho. “Mesmo 20 meses depois da destruição da barragem, esse processo continua massacrando pessoas e transformando a vida delas em um dano permanente. Isso não acabou e não podemos permitir que se cale aquilo que foi um dos maiores crimes sociais e ambientais da nossa história”, ressaltou durante a entrevista a Eduardo Costa .
O coordenador do Manuelzão lembrou que a destruição afetou toda a bacia do Paraopeba e também o entorno da represa de Três Marias. “Tivemos diversos grupo afetados, como as populações na região do Córrego do Feijão que tiveram sua vida devastada, mas os danos não se restringem a este lugar. Ao longo de toda a bacia as pessoas não puderam mais ter acesso à água do rio. Pequenos agricultores, por exemplo, não puderam mais usar água para irrigar suas plantações. Também afetou a cadeia de pescadores que não puderam mais pescar”, afirmou.
“A cadeia de turismo foi praticamente desmontada. E não estou falando de grandes hotéis, mas de pequenas pousadas e pequenos comércios que dependiam dessa sequência de trabalho e valor que as comunidades tinham. Isso tudo foi desmontado. Estamos falando de cerca de 100 mil pessoas afetadas de forma direta”, complementou Polignano.
Auxílio emergencial não é benefício
Em relação ao auxílio emergencial, instituído em acordo logo após o rompimento da barragem e que segue vigente até outubro, Polignano alertou sobre a vulnerabilidade das comunidades e a necessidade de criar novas formulações para o pagamento. “As pessoas são vítimas, [o pagamento emergencial] não é um benefício social. É a tentativa de uma reparação inicial para esse crime que foi cometido”, disse.
“Queremos chamar à responsabilidade a empresa, o poder judiciário e a sociedade, porque o crime foi cometido e o que se pede é o mínimo de justiça para que as pessoas tenham sua subsistência garantida até que se avance na reparação integral dos danos”, concluiu.
Polignano também ressaltou a importância das Assessorias Técnicas Independentes na defesa das pessoas atingidas. “As assessorias tem trabalhado para trazer para os autos do processo todos os problemas que as comunidades estão relatando”, informou.
Confira a entrevista completa: