“Minas Gerais já foi chamada de caixa d’água do Brasil, mas hoje não passa de um reservatório cheio de furos”, diz presidente do CBH Rio das Velhas

14/09/2016

A questão foi debatida em um encontro que está acontecendo na Cidade Administrativa e reúne os presidentes e representantes dos Comitês de Bacias, desde o dia 13.

Em um encontro que está acontecendo na Cidade Administrativa e reúne os presidentes e representantes dos Comitês de Bacias de Minas Gerais, desde o dia 13, a discussão gira em torno da preocupação com as baixas vazões dos rios mineiros. Fato esse comprovado, através do Rio das Velhas, que se encontra em níveis alarmantes e próximos aos de 2014, quando o abastecimento da capital e Região Metropolitana quase ficou comprometido.
A realidade não mudou muito, apesar da melhora nas previsões para este ano.

A preocupação é tanta que, na tarde de ontem (13), ao participar do encontro, o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas, Marcus Vinícius Polignano, fez uma triste comparação: “Minas Gerais já foi chamada de caixa dágua do Brasil, mas hoje não passa de um reservatório cheio de furos”.

Ele ainda lembrou que a luta maior é para manter a vazão do rio dentro dos limites aceitáveis, usando água de duas represas, como do Ribeirão do Peixe, em Nova Lima (RMBH), no distrito de Acurí, em Itabirito, na Região Central.
“No Fórum Mineiro dos Comitês, estamos analisando os dados sobre vários rios no estado. A situação pior está na Região Norte, especialmente em relação ao Rio Verde Grande, e na Região do São Francisco. Alertamos as autoridades para o problema sério e pedimos ações para impedir que aumente”, revela Polignano.

Sobre o aparecimento da canoa, ele diz que isso significa realmente que o índice de água está muito baixo, trazendo à tona a “história” desse meio de transporte.

Alerta

Depois de amargar vazões muito baixas, que ligaram o alerta para a possibilidade de restrição de uso da água, a chuva da madrugada do dia primeiro dia de setembro foi significativa na captação da Copasa, em Honório Bicalho, distrito de Nova Lima.
Os 29,8 milímetros registrados representaram mais da metade do que é esperado para todo o mês na região. Apesar da boa notícia, o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica da Bacia do Rio das Velhas ressaltou que as medidas acertadas para aumentar a vazão do rio estão mantidas.

As decisões foram tomadas na última reunião do CBH/Velhas, em conjunto com a Copasa, Cemig e a mineradora Anglo Gold, empresas que operam reservatórios no Ribeirão do Peixe, em Itabirito (Região Central) e Nova Lima (Grande BH). No encontro, ficou decidido que as companhias liberariam água com a intenção de melhorar a vazão do Velhas.
Além de liberar mais água para o manancial, ficou definido que se a situação ficar ainda mais crítica, a Copasa reduziria a captação, compensando com mais água retirada do Sistema Paraopeba.

Atualmente, a empresa retira 6,5 metros cúbicos por segundo e já informou ao comitê que diminuiria para 5,5 metros cúbicos, caso seja necessário.

Monitoramento

A crise hídrica do ano passado levou o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) a adotar uma série de regras para monitorar a situação dos mananciais do estado. No caso do Rio das Velhas, em Honório Bicalho, a vazão de 10,25 metros cúbicos por segundo é considerada a mínima medida por sete dias consecutivos nos últimos 10 anos, parâmetro conhecido por Q7,10. Isso significa que se as vazões ultrapassarem esse limite por um período de sete dias seguidos, o curso d’água entra em estado de alerta, último estágio antes da obrigação do corte de 20% nas captações para uso humano da água. Nos dias 12, 13, 15, 19 e 27 de agosto, a Copasa contabilizou registros abaixo de 10, sempre na casa dos nove metros cúbicos, o que ligou o alerta dos gestores da bacia.

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