27/04/2010
Viva a Gandarela!
Viva a Gandarela! Foto: Maurílio Nogueira
Anna Carolina Aguiar,
estudante de Comunicação Social da UFMG
Quem passava desavisado por Rio Acima na manhã do último sábado, dia 24, não tinha ideia do que nós estávamos fazendo na estação ferroviária da cidade. Mas com umas poucas olhadas dava para descobrir rapidinho. “Tão falando do quê?”, perguntava um. “Gandarela, olha ali na faixa”, respondia o outro. Pelas faixas e banners, além dos folhetos distribuídos, a população tomava conhecimento do que estava começando ali.
A Serra do Gandarela está entre os municípios de Barão de Cocais, Caeté, Santa Bárbara, Rio Acima, Raposos e Itabirito. Ela apresenta grande biodiversidade, abrigando espécies em extinção e uma área considerável de Mata Atlântica. Além disso, é de fundamental importância para as bacias do Rio das Velhas e Rio Doce e para o abastecimento de água da Região Metropolitana de Belo Horizonte. As várias nascentes presentes na Serra deságuam no Velhas acima da captação da Estação de Tratamento de Água de Bela Fama, em Nova Lima. Existem duas grandes propostas para o destino desse lugar. A primeira, baseada em estudos feitos pela UFMG, pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), propõe a criação do Parque Nacional do Gandarela, garantindo sua preservação e a presença da água no futuro. A outra proposta, feita pela companhia de mineração Vale, quer fazer na região a Mina Apolo, para a extração de minério na Serra do Gandarela. O empreendimento está sendo analisado pela Superintendência Regional de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, que tem que dar um parecer técnico para a concessão da licença prévia. Estão sendo realizadas audiências públicas nas cidades envolvidas.
Agora, voltando a Rio Acima. A movimentação incomum vista pelos moradores da cidade era a concentração para o evento Viva Gandarela, uma proposta de reflexão sobre o quê vai acontecer na região, organizada por várias entidades, dentre elas associações comunitárias, estudantes e pelo Projeto Manuelzão. Após alguns minutos de espera, todos que estavam lá pegaram uma estrada de terra e subiram para a Serra. No caminho já dava para perceber a beleza do lugar. Chegando no topo, o primeiro momento foi de observação. Da beleza do local, de cada pedaço de verde em volta. Todos queriam levar um pouco do lugar na memória. Olhares atentos e muitas fotografias deram conta do recado. Quem entendia mais da Serra explicava para quem entendia menos.
Depois de conhecer bem o lugar, quem estava presente demonstrou seu apoio à criação do parque. Todos, de mãos dadas, deram um abraço simbólico na Serra, em meio a gritos de “Viva a Gandarela!”, que subia o topo da Serra.
Abraço dado, todos seguiram para uma antiga mina desativada que existe na região. Lá, as pessoas falaram sobre a relação com a Serra e sobre o que não poderia acontecer com ela. Aconteceram também oficinas, como a de origami, e trilhas explicadas por biólogos. Além de entreter quem estava lá, as atividades provocavam a reflexão sobre o destino do Gandarela, e sobre o papel de cada um na proteção deste local.