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A bacia do Velhas e a ameaça das barragens

27/01/2021

Responsável pelo abastecimento de aproximadamente 24 milhões de pessoas na Região Metropolitana de Belo Horizonte, o Rio das Velhas está ameaçado pela instabilidade de sete barragens, três delas em nível máximo de alerta

O Rio das Velhas é responsável pelo abastecimento público de cerca de 50% da população da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), aproximadamente 24 milhões de pessoas, segundo dados da Cemig. A fundamental importância desse manancial para os mineiros, no entanto, não foi suficiente para protegê-lo daquela que é uma das principais ameaças aos ecossistemas e a vida da população no estado: a instabilidade das barragens.

O quadro em Minas Gerais é alarmante. Maior estado minerador, Minas concentra praticamente metade das barragens do Brasil, cerca de 360, e ainda convive com as marcas deixadas pelos desastres de Córrego do Feijão, em Brumadinho, em 2019 e de Fundão, em Mariana, em 2015. Além disso, do total de barragens no estado, 81 estruturas estão em alerta de segurança.

E só há quatro fiscais da Agência Nacional de Mineração (ANM) para monitorar todas as 360 estruturas do estado.

A bacia do Rio das Velhas conta com uma lista de sete barragens sem garantia de segurança, que inclui B3 e B4; Forquilha I, II e III; Maravilhas II; Vargem Grande. Todas elas pertencem à mineradora Vale. Na rota da lama dessas barragens estão localidades como São Sebastião das Águas Claras, Honório Bicalho, Raposos, Ouro Preto, Itabirito, Rio Acima, Sabará, Santa Luzia, Lagoa Santa, Jequitibá, Santana de Pirapama, além da captação de Bela Fama, da Copasa, que abastece a capital e seus arredores.

“O rompimento de uma das barragens de rejeito no Alto Rio das Velhas ocasionará, entre outras calamidades e problemas ambientais, sociais e econômicos a paralização da captação de água de Bela Fama, em Nova Lima, pertencente à Copasa. Esta captação é feita no leito do Rio das Velhas e a Companhia retira, em média 7.400 l/s, para abastecimento de aproximadamente 2, 4 milhões de pessoas em Raposos, Nova Lima, Sabará, Santa Luzia, São José da Lapa, Vespasiano, Lagoa Santa e Belo Horizonte”, afirma o membro do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas), Valter Vilela.

Além disso, a bacia do Rio das Velhas ainda tem três barragens em nível 3 de risco de rompimento, isto é, nível máximo de alerta. Uma delas fica em Macacos, na RMBH. A B3/B4, da mina Mar Azul, tirou o sossego de Nova Lima. Duzentas pessoas estão fora de suas casas desde fevereiro de 2019. As outras duas barragens que têm risco iminente de rompimento na bacia do Rio das Velhas são Forquilha I e Forquilha III, em Ouro Preto.

“A barragem B3/B4 está sendo descomissionada conforme comunicado da Vale ao CBH Rio das Velhas realizado em novembro de 2020. Já as barragens Forquilha I e Forquilha III serão descaracterizadas e para conter os rejeitos de um rompimento hipotético das citadas barragens a Vale está construindo uma ‘Estrutura de Contenção à Jusante’ em concreto compactado a rolo e com uma galeria de desvio. A obra deverá ser concluída até março de 2021”, explicou Valter Vilela em entrevista ao portal do CBH Rio das Velhas.

Alerta em Minas Gerais

Em 20 meses, o número de barragens em Minas Gerais que elevaram seu nível de segurança passou de zero para 45, de acordo com a Defesa Civil. De acordo com a legislação, as mineradoras fazem a própria declaração de estabilidade e acionam as autoridades em caso de alterações nas barragens. Com o rompimento em Brumadinho, 2019, o parâmetro de medição da segurança passou a seguir normas internacionais.

[Com informações do portal CBH Rio das Velhas.]

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