04/12/2021
Nesse importante marco de publicações do Manuelzão, rememoramos a história e renovamos as aspirações por um futuro habitável
À luz das discussões mundiais sobre as mudanças climáticas, nossa 90ª edição, Veias Abertas, Rios Se Esvaindo, versa sobre o velho fantasma da escassez hídrica, cada vez mais presente no cotidiano brasileiro, as muitas lutas em Minas Gerais pela preservação de nossas águas e serras e as lutas que se estendem, margeando o rio São Francisco, até Alagoas e conectam-se ao Oceano Atlântico, até que o ciclo recomece.
Refletimos sobre a insustentabilidade de um modelo econômico que predatoriamente expropria nossas serras, rios e povo. Como escreve Marcus Vinicius Polignano, “o planeta Terra não depende da humanidade, mas a sobrevivência da nossa espécie depende integralmente da qualidade ambiental que o planeta nos oferta. Num mundo em que a ganância, o poder e o dinheiro falam mais alto, é preciso reforçar que o bem maior que temos e o único que verdadeiramente faz sentido é a vida”.
Neste mês de novembro, em que o rompimento da barragem do Fundão, no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, completou seis anos, falamos sobre o descaso e os abusos das mineradoras responsáveis – Samarco, Vale e BHP Billiton – e da Fundação Renova no processo de reparação às pessoas atingidas. A tragédia da mineração se desdobra e se perpetua.
Antônio Pereira, distrito de Ouro Preto, está paralisado pela lama invisível; Cachoeira do Choro, que às margens de um Paraopeba contaminado, está sem água, não é contemplada pela reparação dos danos provocados pelo crime da Vale em Brumadinho; São Gonçalo do Bação, pequeno distrito de Itabirito que guarda parte da história de Minas, tem seu patrimônio cultural e humano ameaçado por um terminal de minério.
No âmbito das mudanças climáticas, tratamos, aqui, das queimadas recordes em Minas Gerais, e em sentido mais amplo, do alarmante futuro previsto pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da Organização das Nações Unidas (ONU).
Também trazemos histórias que inspiram e nos motivam a continuar lutando: a cada vez mais próxima expansão da Estação Ecológica de Fechos, em Nova Lima, que abastece o rio das Velhas e a Grande BH, e a conquista do Parque Ecológico do Brejinho, na região da Pampulha, na capital, após uma luta de mais de 20 anos.
Assim nos despedimos de 2021, com o terceiro número do ano.
A Revista Manuelzão 90 pode ser lida aqui. Boa leitura!