Abraço à Serra do Gandarela celebra avanço para proteção integral da regiãoProjeto Manuelzão

Abraço à Serra do Gandarela celebra passo importante para a preservação integral da região

27/06/2025

Evento comemora criação da zona de amortecimento do Parque Nacional do Gandarela, resultado de intensa mobilização que impôs revés a interesses minerários

Parque Nacional da Serra do Gandarela guarda a maior reserva de água subterrânea da região metropolitana de BH. Foto: Luiz Santana/ALMG.

O Movimento pela Preservação da Serra do Gandarela promove, neste domingo, 29, mais uma edição do abraço simbólico à serra. O evento anual desta vez será realizado das 8h30 às 13h, no mirante Águas do Gandarela, em Rio Acima, celebrando a definição da zona de amortecimento do Parque Nacional (Parna) da Serra do Gandarela, um passo fundamental em direção à preservação integral da região, em face dos interesses minerários na área.

A programação inclui uma caminhada ecológica-educativa por um antigo caminho de pedras, atividades artísticas e culturais e uma mesa da partilha para encerrar o evento. O abraço toma palco pouco mais de um mês depois de o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), responsável por gerir unidades de conservação federais, definir a zona de amortecimento do Parna Gandarela, oficializada pela Portaria nº 1.962, em 23 de maio.

A decisão foi resultado direto da campanha “Chico, Salve o Gandarela”, lançada em março pelo movimento em parceria com a rede Nossas, o Projeto Manuelzão, o Instituto Cordilheira, o Movimento Artístico, Cultural e Ambiental de Caeté (Macaca) e o Fórum Permanente São Francisco. A mobilização conseguiu que mais de 8 mil pessoas enviassem e-mails diretamente ao presidente do ICMBio, Mauro Oliveira Pires, pedindo a assinatura da portaria.

A zona de amortecimento funciona como um escudo ao redor da unidade de conservação, estabelecendo normas e restrições específicas ao uso dos recursos naturais no entorno, filtrando os impactos de atividades potencialmente danosas, como desmatamento e mineração, de modo a garantir os objetivos de preservação da unidade.

Atualmente a região da Serra do Gandarela está diante das ameaças de um projeto minerário da Vale e das chamadas “miniminas”, pequenos empreendimentos que obtêm licenças simplificadas e degradam o parque “pelas beiradas”. A Vale tenta licenciar o projeto Apolo, empreendimento de grande porte previsto para ocupar uma área logo ao lado da unidade de conservação, em alguns trechos a uma distância de menos de 100 metros.

Maria Teresa Corujo, a Teca, uma das vozes do Movimento pela Preservação da Serra do Gandarela, avalia o impacto prático da medida. “Isso garante que, nessa faixa de proteção, qualquer projeto minerário, mesmo com licença simplificada, precise que o estado [de Minas Gerais, responsável pelo processo de licenciamentos desse tipo] o encaminhe ao ICMBio para análise, por estar na zona de amortecimento”.

O momento, segundo Teca, é de união. “O que nós queremos agora é estar juntos, celebrando e fortalecendo nosso elo com o parque e com o Gandarela”. Teca também reforça a urgência da causa. “Continuamos firmes na defesa desse lugar. Não faz o menor sentido transformá-lo numa megamina a essa altura, com as mudanças climáticas, eventos extremos e escassez hídrica que já enfrentamos”.

Vídeo inicial da campanha “Chico, Salve o Gandarela!”

Programação

É com esse espírito de celebração e vigilância que o movimento preparou uma manhã de atividades para conectar os participantes com a natureza e a cultura local. A programação terá início com uma caminhada ecológica-educativa por um caminho antigo de pedras, conduzida pelo guia Gustavo Pietsch e por Daniela Campolina, bióloga, professora da rede municipal em Rio Acima e co-coordenadora do Grupo de Pesquisa Educação, Mineração e Território (EduMiTe) da UFMG.

Em seguida, às 9h30, o alto da serra será palco de uma ciranda com Severino Iabá e os cirandeiros do projeto Boi Rosado Ambiental. A artista Anna Göbel convidará os presentes a “Pinturar o amor ao Gandarela” e a socióloga e indígena da etnia Kambiwá, Avelin Buniacá Kambiwá, guiará um ritual para honrar a Mãe Serra, a Avó Água e os ancestrais.

O ponto culminante está marcado para às 11h30, quando todos se unirão para o grande e simbólico abraço ao Gandarela. O encontro se encerra em confraternização, com uma mesa da partilha de uma refeição coletiva. Os organizadores convidam os participantes a contribuírem com este momento.

O ponto de encontro é o mirante Águas do Gandarela, a cerca de 60 quilômetros de BH, acessado pela estrada que sobe a serra a partir de Rio Acima, seguindo à direita depois do mirante de Rio Acima. Recomenda-se levar agasalhos, protetor solar e água. Por se tratar de um Parque Nacional, é fundamental respeitar suas regras: não são permitidos animais domésticos, garrafas de vidro ou som alto, garantindo que o único impacto no local seja o da celebração e que cada um leve para casa apenas as boas memórias.

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