23/03/2015
Mais de 3 mil pessoas estiveram no Parque Municipal, em Belo Horizonte, no Dia Munidal das Àguas, evento organizado pelo Projeto Manuelzão e parceiros, para chamar a atenção para a preservação dos rios e montanhas de Minas.
Um abraço simbólico em uma das
lagoas do Parque Municipal em Belo Horizonte, marcou a celebração e manifestação
pelo Dia Mundial da Água, neste domingo, 22. As pessoas emocionadas se encaminharam
ao local e de mãos dados gritaram palavras de ordem e de agradecimento por esse
recurso fundamental. O evento foi um sucesso e reuniu cerca de 3 mil pessoas. “O objetivo do abraço foi sensibilizar a
população quanto à preservação e chamar a atenção, sobretudo, para a
conservação dos mananciais hídricos da região”, comentou o coordenador do
Projeto Manuelzão, Marcus Vinícius Polignano.
A crise atual é preocupante e um
ato em favor da água é uma oportunidade de fazer com que a população perceba a
importância de se preservar o meio ambiente. Essa foi a proposta do Grito pelos
rios e montanhas de Minas, realizado pelo Projeto Manuelzão, CBH rio das Velhas
e parceiros no Parque Municipal em Belo Horizonte que reuniu cerca de 3 mil
pessoas.
“Acreditamos que uma crise de grandes
proporções como a que estamos vivendo cria possibilidades para profundas
mudanças de paradigma na gestão da água a partir de três princípios básicos: a
água é um direito humano e não pode ser tratada como mercadoria, todos os
governos têm responsabilidade sobre a água e prestam um serviço à população e
os planejamentos hídricos devem necessariamente considerar a recuperação e
recomposição dos mananciais e das atuais fontes de água”, declarou o coordenador
do Projeto Manuelzão, Marcus Vinícius Polignano.
Ações e oficinas
Com ações educativas, exposições e
apresentações culturais, o evento contou com shows dos grupos Samba 5 e Bate
Boca, oficinas de educação ambiental, distribuição de mudas de árvores nativas,
exposição de fotografias dos rios do Estado, narração de histórias e exposição
de projetos sobre a água.
Exposição e Cartazes
O ônibus do Projeto Manuelzão
ficou repleto de pessoas que procuravam informações sobre os bioindicadores de
qualidade da água, os peixes e a maquete da bacia do rio das Velhas. Para a
técnica em meio ambiente, Mirian Ferreira Duarte, a maquete chamou sua atenção
pela extensão da bacia e pelos detalhes que ela não conhecia. “Assim fica mais fácil
e compreensível para que todos entendam a grandiosidade da Bacia do rio das Velhas.
Além de conhecê-la temos condições de detalhar da nascente à foz, todo o percurso
às vezes crítico, navegado pelo rio, principalmente na Região Metropolitana”.
A Irmã Brígida Barbosa, que
observava os banners expostos pelo CBH Rio das Velhas, Movimento pela preservação
da Serra do Gandarela e Ongs parceiras, contou que já morou próximo ao Rio São
Francisco, em Sobradinho, e conhece a situação de degradação de perto. “Queríamos
a revitalização do rio e não a transposição como foi realizado”, comenta ao
analisar que com a exposição dos projetos que envolvem a água mais conhecimentos
e informações são repassados ao público de quanto se faz pela Bacia do Rio das Velhas
. “Muitos não sabem de todo esse trabalho e como eles acontecem”.
Mapa da bacia
A psicóloga Gaby Almeida Costa acompanhava
com sua mãe, a apresentação de um grande mapa exposto no Parque que trazia toda
a bacia do Velhas e suas implicações na região. Essa interação é essencial e
muda a proposta de uma palestra não participativa para um momento de vivência e
experimentação. “O mapa me surpreendeu e foi uma maneira de vivenciar a
aprendizagem de forma sistêmica e real”, disse.
Samba e chorinho
O Sesc também participou do
movimento com “Chorinho e Samba na Praça” que apresentou vasta programação de
música brasileira. No repertório das bandas os gêneros canção e instrumental.
Se apresentaram: o grupo Samba 5 e Bate Boca, que surgiu em 2005 e interpreta
grandes compositores do samba e do choro. O nome do grupo é uma homenagem ao
cantor e compositor João Nogueira, que os presenteou com uma música homônima.
Já o grupo ‘Samba 5’ surgiu em 2012 do desejo de reunir amigos e fazer uma
grande roda de samba em referência aos grandes nomes do gênero. Muitas pessoas
acompanharam apresentação, dançaram e cantaram sucessos do presente e passado.
Doação de mudas
Mudas de árvores frutíferas e nativas
foram distribuídas pelo Projeto Boi Rosado. “Plantar árvore é muito bom, porque
a gente pode mudar o mundo. Estas plantas aqui podem gerar oxigênio”, disse
a artesã Ana Gomes. Para ela, quanto
mais as pessoas plantam, mais oxigênio teremos. “Com isso, também vai chover
mais e encher os rios”, afirmou.
O plantio das mudas é uma ação
que integra o projeto ‘Boi Rosado’. “Nosso objetivo é fazer com que todos
aprendam a preservar as matas e rios”, disse o pedagogo e integrante do
Projeto, Antônio Aranã. Para ele, é preciso, urgentemente, mudar hábitos e
plantar mais árvores ao invés de destruí-las.
Contação de histórias e Mandalas
Interessadas nas mandalas e na
contação de histórias, as crianças Luanda Rosa Ribeiro e Clarice Martins, ambas
de 9 anos e que estão na 4º ano, se divertiram no Parque. “Vi as folhas e as
sementes e o colorido delas me chamaram a atenção”, declarou Clarice que também
revelou gostar muito de ouvir histórias. Para elas, o respeito ao meio ambiente
tem que vir de casa. “Minha mãe sempre me ensina a cuidar das plantas e bichos”,
disse Luanda ao revelar as mandalas iriam enfeitar seu quarto.
Chá no Parque
Café e chá também foram servidos pela
ONg Undió a todos que visitaram o Parque. “Nosso trabalho acontece na rua e nesta
rua tem um rio, o Leitão. Ele é protagonista em nosso intuito de conscientizar as
pessoas da importância da água. Fazer esse chá num Parque e, em um local
público, nos remete a liberdade”, revelou a coordenadora da Ong, Tereza Portes.
Junto a Ong e ao chá, descendentes da comunidade Quilombolas de Mangueira bordavam uma
toalha que representava a união e
o compartilhamento da história dos povos brasileiros.
Índice de Massa Corpórea
Muitas pessoas fizeram fila para aferir
a pressão e ver o Índice de Massa Corpórea (IMC). A auxiliar de limpeza, Selma
Malta Nonato e seu esposo, Paulo Leonardo Antônio, aguardavam na fila. Para eles,
saúde é fundamental e é importante conferir como está o corpo. “Saímos agora do
trabalho e não pudemos deixar de vir e acompanhar esse ato em favor da água e
também aproveitar para observar nossa saúde”, disseram.
Protestos
Durante a mobilização, integrantes
do Movimento pela preservação da Serra do Gandarela com faixas e megafones
protestaram e alertaram a população sobre mineração e crise hídrica. “Não estamos
comemorando a escassez”, declararam. No
fim da tarde, o Movimento saiu em caminhada até a Praça Liberdade. “As
pessoas não têm noção da questão política que é a gestão da água. Todos nós
somos protagonizadores do desperdício”, destacou uma ambientalista. Outro
grupo, também protestou na entrada principal do Parque Municipal contra os
agrotóxicos, jogando tinta vermelha pelo corpo. “A sociedade precisa
acordar para o que está acontecendo. O que estamos fazendo hoje é um grito
pelos rios e as montanhas de Minas”, completou uma ambientalista do Movimento
pela Serra do Gandarela.