Ambientalistas apuram denúncia de mineração irregular na Serra do Curral

06/05/2018

O CBH Velhas e Subcomitê Arrudas promoveram na quarta-feira (2), uma visita técnica à mina Corumi, bairro Taquaril, para averiguar denúncia de mineração ilegal na região da Serra do Curral e o desdobramento para o Pico Belo Horizonte.

Durante a inspeção, o grupo formado por entidades de defesa do meio ambiente, representantes do IEF (Instituto Estadual de Florestas), da SMMA (Secretaria Municipal de Meio Ambiente) e da Câmara Municipal, confirmou a prática das atividades minerárias com facilidade, uma vez que, o processo acontecia a todo vapor e a destruição era vista por toda a parte.

De acordo com a queixa, feita pelo médico e morador do Taquaril, Arthur Nicolato, a empresa mineradora Pau Branco (Empabra) estaria lavrando minério de ferro ao invés de fazer a recuperação ambiental no local, conforme decisão do Ministério Público em 2003. Presente na ocasião, Nicolato disse que a visita foi uma oportunidade de dar visibilidade ao crime ambiental que está acontecendo dentro da cidade. Para ele, “os representantes da Greenmetals e Empabra, não tiveram meios de mascarar a realidade: há uma mineração ilegal, sem licença ambiental, prejudicando a saúde e danificando o patrimônio do povo mineiro. Esperamos que as autoridades sintam-se corresponsáveis e tomem as atitudes necessárias para interromper esse crime”.

A área de 66 hectares explorada pela mineração pertence à Serra do Curral e faz divisa com os Parques da Baleia e das Mangabeiras, o que os coloca em estado de vulnerabilidade.  A serra símbolo da cidade de Belo Horizonte, tombada pelo Patrimônio Nacional (IPHAN), desde 1960, habitat natural de centenas de espécies da fauna e flora, sofre ameaça com  a exploração mineral ilimitada. Para Carlos Silveira, analista ambiental do IEF, a extração de minério estaria impactando também os cursos d’água da região. “A gente acredita que as escavações no solo possam ter alterado o balanço hídrico por reduzir a capacidade de armazenamento do solo.”

Representantes da empresa, presentes no local, alegaram ter implementado todas as ações do PRAD (Programa de Recuperação de Áreas Degradadas), autorizadas pela Prefeitura de Belo Horizonte, em 2015. Disseram que a empresa atua conforme a legislação ambiental e o termo de ajustamento de conduta assinado com a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e que também usam medidas para evitar e compensar os impactos da atividade.

Em contraponto, Humberto Martins Marques, biólogo da SMMA, acredita que a interpretação da empresa sobre o acordado com o COMAM (Conselho Municipal do Meio Ambiente) destacou-se da realidade e superou o limite imposto pelo PRAD. “Há, aqui, uma clara violação do acordo e um impacto violento contra o patrimônio da Serra do Curral.”

Para Marcus Vinícius Polignano, Coordenador do Projeto Manuelzão e presidente do CBH Velhas, é lamentável que a empresa utilize o PRAD como instrumento para a implementação de praticamente outra planta minerária em cima. “Ver o cenário de destruição nessa área que é tombada, dói. Literalmente, dói. A gente vê um símbolo da nossa história, um patrimônio de Belo Horizonte se tornar uma terra devastada. Não tem valor econômico que justifique fazer um processo de destruição dessa monta.  Uma relação desse nível é, no mínimo imoral.”

O vereador Gilson Reis, presente no local, se posicionou claramente contra as atividades minerárias irregulares e concluiu: “com base no que nós observamos, consideramos a necessidade de uma audiência pública na Câmara dos Vereadores para reunir todos os órgãos do estado, município, cidadãos e a empresa para instrumentalizar informações, avaliar documentações e prestar esclarecimentos. Caso se confirme todas as denúncias, o impacto pode ser em toda a RMBH, atingindo mais de 50%  do território da cidade de Belo Horizonte”.

Entenda o caso na matéria do CBH Rio das Velhas, clicando no botão ao lado.

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