Amigo do Rio registra situação do rio das Velhas - Projeto ManuelzãoProjeto Manuelzão

Amigo do Rio registra situação do rio das Velhas

25/09/2019

Curso d’água enfrenta forte baixa em Jequitibá

A escassez hídrica em parte da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas – desde sua nascente, em Ouro Preto, até o município de Santo Hipólito, na Região Central de Minas., está sendo percebida e documentada. O Warley, um Amigo do Rio, e parceiro do comitê do Rio das Velhas e do Subcomitê do Ribeirão Jequitibá nos enviou um vídeo relatando a situação de sua comunidade.

Ele mora em Dr. Campolina, distrito de Jequitibá, onde o rio das Velhas pode ser atravessado a pé, sem que a água chegue a alcançar a cintura.

Escassez Hídrica

Na última quarta-feira (18), o IGAM (Instituto Mineiro de Gestão das Águas) declarou oficialmente situação crítica de escassez hídrica em parte da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas – desde sua nascente, em Ouro Preto, até o município de Santo Hipólito, na Região Central de Minas. A medida implica em restrição de uso nas 224 outorgas vigentes para captação de água superficial e abrange 43 municípios dos 51 da bacia.

Em coletiva de imprensa realizada na quinta-feira (19), na sede do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas), o presidente da entidade e coordenador do Projeto Manuelzão, Marcus Vinícius Polignano, classificou a situação como a mais crítica já vivida.

“Enfrentamos a pior situação hídrica do Rio das Velhas de todos os tempos. A vazão do rio, na captação da Copasa em Bela Fama [responsável pelo abastecimento de cerca de 60% da Região Metropolitana de Belo Horizonte] está abaixo do limite crítico de 10 metros cúbicos por segundo (m³/s). A Copasa está retirando 6,5 até 7 m³/s e é obrigada, pela força da outorga, a devolver 3 m³/s. Ou seja, está à beira de um colapso”.

Polignano lembrou que o rompimento da barragem de rejeitos da Vale em Brumadinho, em janeiro, inviabilizou parte da captação oriunda do rio Paraopeba, o que tem sobrecarregado ainda mais o Velhas. “O Rio das Velhas está sendo sacrificado. Isso é inclusive consequência de um efeito colateral do rompimento lá em Brumadinho porque, com isso, nós estamos tirando a carga máxima do Rio das Velhas num período de estiagem. Essa situação nos traz uma insegurança hídrica muito grande”.

Além dos riscos à segurança hídrica da RMBH, Polignano chamou a atenção para outros impactos que a baixa vazão origina, como a mortandade de peixes e a proliferação de aguapés, principalmente no Médio e Baixo Rio das Velhas. O aguapé funciona como um filtro capaz de retirar as impurezas da água, mas quando não há controle e se forma o efeito ‘tapete’, serve como um indicador de poluição. O fenômeno, conhecido como eutrofização, culmina numa queda abrupta de oxigênio na água e os peixes são os primeiros a serem afetados – daí as mortandades observadas. “Se falta água piora a qualidade. E o que que acontece: nós estamos com uma água verde, com cianobactéria, em grande parte do rio. Queríamos inclusive alertar a população ribeirinha para não usar o rio, nem pra tomar banho, nem pra dessedentação animal, com essa água esverdeada, porque ela tem um grau de contaminação”.

Em meio a uma estiagem que já perdura, e com clima quente, o que favorece o alto consumo de água, o presidente do Comitê também convocou a população a contribuir. “A população também tem que colaborar nesse momento crítico, tendo um consumo mais consciente, reduzindo se possível o consumo de água nas suas atividades diárias, até porque toda previsão meteorológica que a gente tem é que as chuvas vão chegar mesmo só no fim de outubro. Ou seja, até lá a gente tem uma travessia muito crítica”.

Informações do CBH Velhas.

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