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Atingidos pela Vale articulam protestos e ações fora do país

25/10/2019

Comitiva com ambientalista, advogado e duas vítimas do rompimento de Brumadinho percorre vários países denunciando os crimes da mineradora. Certificadora Tuv Sud também foi alvo de manifestações

Chile, Espanha, Suíça, Alemanha, França e Itália são alguns dos destinos por onde uma comitiva de atingidos pelos crimes da Vale têm passado para ampliar o debate sobre as responsabilidades da mineradora em relação aos recentes rompimentos de barragens de rejeitos no Brasil. A jornalista Carolina de Moura, o advogado Danilo Chammas e as vítimas Marcela Rodrigues (que perdeu o pai no rompimento) e Amanda Andrade (cuja irmã foi uma das vítimas fatais em Brumadinho) têm buscado alternativas para que os atingidos e atingidas alcancem justiça.

Em 25 de janeiro de 2019, a barragem da Vale em Córrego do Feijão se rompeu, espalhando cerca de 12 milhões de metros cúbicos de rejeitos tóxicos sobre o Rio Paraopeba, vitimando que vitimou 270 pessoas. Em 5 de novembro de 2015, rompeu-se outro empreendimento da mesma empresa, que derramou 62 metros cúbicos de lama sobre o Rio Doce, em Mariana-MG. Foram registradas 18 pessoas mortas e uma desaparecida.

As atuações da comitiva têm sido de formas variadas, desde participação em eventos temático até atos de protestos, como na sede da seguradora Tüd Süd, que atestou a segurança da barragem que colapsou no início de 2019. “Evidentemente, enfrentar a Vale não é uma tarefa fácil, quando sabemos que há conivência e cumplicidade das autoridades. Por isso, toda e qualquer estratégia é muito relevante. Seguir por vários caminhos tem sido a melhor opção”, avalia Carolina de Moura.

No dia 17 de outubro, em Munique, na Alemanha, fotos das vítimas foram espalhadas em frente à sede da Tüv Süd, junto a manequins cobertos de lama. Na placa, em alemão, os dizeres: “Contra os lucros inescrupulosos”. Na ocasião, as presentes interpelaram representantes da seguradora sobre a corresponsabilidade no rompimento. O grupo, em conjunto com a Articulação Internacional dos Atingidos da Vale, entrou com uma ação criminal contra a Tüv Süd.

Novos horizontes

‘Nossa expectativa é que o caso de Brumadinho seja um divisor de águas no modo como a mineração atua no mundo”, conta Carolina de Moura. De acordo com ela, que é também coordenadora geral da Associação Comunitária da Jangada e membro da Articulação Internacional de Atingidas e Atingidos pela Vale, o envolvimento das pessoas está sendo positivo. 

“A jornada está sendo positiva. Importante fazer as denúncias aqui para demonstrar a responsabilidade de outros atores da cadeia, além da própria mineradora”, conta Moura. Uma das propostas é estabelecer uma mudança na legislação alemã para que empresas que compram minério brasileiro sejam obrigadas a fiscalizar como é extraído. Mais da metade do ferro importado pela Alemanha (55%) vem do Brasil. Além de bancos financiadores, empresas certificadoras e seguradoras germânicas fortemente ligadas ao setor.

Imagem: European Center for Constitutional and Human Rights (ECCHR)

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