Audiência pública debate proteção da Mata da Baleia na ALMGProjeto Manuelzão

Audiência pública debate proteção da Mata da Baleia na ALMG

20/10/2025

Incêndio de três dias consumiu a área no início deste mês e expôs sua vulnerabilidade

Mata da Baleia, aos pés da Serra do Curral, ainda não é totalmente protegida. Foto: Evandro Rodney.

A Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizará nesta quarta-feira, 22, uma audiência pública para debater a proteção da Mata da Baleia, na Serra do Curral. O encontro, convocado pela deputada Beatriz Cerqueira por demanda do Subcomitê Ribeirão Arrudas, terá início às 16h no Plenarinho 1. A discussão visa ampliar o debate sobre a importância da proteção da mata, que atualmente não é abrangida por unidades de conservação.

A Mata da Baleia está situada abaixo do alinhamento montanhoso da Serra do Curral, na divisa com o Parque das Mangabeiras. Parte da área foi tornada Parque Florestal Estadual da Baleia já em 1932, sendo a primeira unidade de conservação criada na capital e uma das primeiras do estado. O parque, porém, ocupa área mais acima na serra e deixa de fora a maior parte da mata. A lacuna na proteção há anos tem sido alvo de críticas de ambientalistas e pesquisadores que acompanham a região.

A área abriga um dos últimos córregos que tem a maioria do leito ainda natural na capital. O Córrego Navio-Baleia tem suas nascentes na Serra do Curral e na Mata da Baleia e flui por aproximadamente 6 quilômetros até encontrar o Arrudas. Márcia Marques, geógrafa e coordenadora técnica do Projeto Manuelzão, ressalta que a mata é a mais preservada das áreas verdes que acompanham os afluentes da margem esquerda do Ribeirão Arrudas, mas não está protegida, porque quase a totalidade ficou de fora dos limites do parque.

A área funciona ainda como corredor ecológico, integrando o Parque das Mangabeiras e outras áreas verdes situadas abaixo do cume da Serra do Curral. Segundo a geógrafa, trata-se de uma área que deveria ser destinada para uso recreativo da população e contribuir para a saúde física e mental dos moradores de Belo Horizonte e municípios da região metropolitana em tempos de emergência climática.

A audiência contará com transmissão ao vivo, que poderá ser acompanhada, a partir das 16h, pelo site da ALMG.

Incêndio de três dias expõe vulnerabilidade da mata

No início de outubro, um incêndio consumiu parte da Mata da Baleia e se somou a uma sequência de focos que têm atingido Belo Horizonte e a região metropolitana. O fogo entrou no terceiro dia sem que os bombeiros conseguissem extinguir completamente as chamas.

Márcia avalia que os incêndios recentes mostram a fragilidade da proteção da mata. “Os incêndios aparentemente criminosos nos mostram a necessidade do tombamento e de políticas eficazes de proteção da Serra do Curral”, declara a geógrafa. “A Operação Rejeito mostrou os inúmeros interesses econômicos que existem no local, se contrapondo à importância natural, cultural e até mesmo afetiva que a serra tem para os moradores de Belo Horizonte e municípios vizinhos”.

O incêndio trouxe consequências para o Hospital da Baleia, unidade de referência em tratamento oncológico. A fumaça invadiu o complexo hospitalar e forçou a realocação de cerca de 100 pacientes, que foram transportados para outros prédios enquanto as labaredas avançavam pela vegetação do entorno. A unidade suspendeu 45 sessões de quimioterapia e diversos atendimentos de radioterapia. Durante a madrugada, uma guarnição precisou agir para proteger a central de oxigênio do hospital.

Alguns serviços foram retomados gradualmente nos dias seguintes. As sessões de quimioterapia voltaram a ser realizadas na Unidade Baeta Vianna, em um espaço preparado como contingência. A direção do hospital informou que enfrenta anualmente focos de incêndio nas proximidades, mas a proporção deste ano surpreendeu negativamente. Viaturas foram posicionadas próximas à unidade para proteger a estrutura hospitalar, residências e comércios da região.

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