Centenas de pessoas caminharam rumo ao Pico Belo Horizonte em manifestação

12/06/2018

Indignação, emoção e energia marcaram a luta de centenas de pessoas ao caminharem por quase 8 km de ida e volta ao Pico Belo Horizonte.

Centenas de pessoas caminharam rumo
ao Pico Belo Horizonte em manifestação contra a mineração que rouba a natureza
dos mineiros

 

Indignação, emoção e energia marcaram a luta de centenas de
pessoas ao caminharem por quase 8 km de ida e volta ao Pico Belo Horizonte. O
encontro marcado para o domingo de manhã, reuniu cerca de trezentos cidadãos
mineiros conscientes do mal que a mineração causa à Serra do Curral e
preocupados com o futuro da serra, cujos recursos naturais intactos são
fundamentais para a qualidade de vida da população de cerca de 6 milhões de
habitantes da Grande Belo Horizonte.

 

A marcha saiu do centro cultural Vila Marçola as 8h40 em
direção ao Pico e retornou quatro horas depois. Durante o trajeto, o grupo fez
uma parada em frente à cava gigantesca e, em coro clamaram pela saúde da serra.
O nome do movimento “mexeu com a Serra do Curral mexeu comigo” foi recitado em
hino, e soou como um mantra entre os presentes. A emoção era visível ao olhos
de todos. Para Leandro de Aguiar e Souza, professor e pesquisador do Instituto
Federal de Minas Gerais, “o que viu durante a caminhada foi um sentimento
fortíssimo de revolta, diretamente relacionado à fragmentação do nosso sistema
de planejamento e gestão do território e do meio ambiente. Situações como essa acabaram
por permitir que um plano de recuperação de áreas degradadas se tornasse uma
lavra de minério a céu aberto, em que o empreendedor ao descumprir o que estava
acordado previamente, acabou sendo premiado com um processo de licenciamento
ambiental corretivo ao invés de ser sancionado por todos os erros cometidos. É
importante frisar que essa revolta precisa motivar uma abordagem sistêmica em
que a exploração dos recursos minerários no Brasil, se dê de forma articulada a
uma política de estado construída com a participação efetiva de toda a
sociedade”.  

 

Ato Cultural

A manifestação de domingo, organizada pelo Projeto Manuelzão
em conjunto com outras entidades ambientalistas, continuou na parte da tarde
com um Ato Cultural, na Praça do Papa. No palco montado no local, líderes
ambientalistas e artistas mineiros se posicionaram contra as ações minerárias
ilegais que já destruíram grande parte do principal símbolo da capital mineira.
Em discurso emocionado, o coordenador do Projeto Manuelzão e presidente do CBH
Velhas, Marcus Vinícius Polignano, lembrou a questão das nascentes que caem do
vale e supri rios importantes para o abastecimento da grande BH. “Estamos
falando de um patrimônio da sociedade, um patrimônio da biodiversidade; aqui
produz-se água, produz–se vida! Não tem valor maior do  que a vida. É Preciso que todos entendam:
dinheiro não compra vida. É necessário o mínimo de honestidade e de compromisso.
Devido à omissão por parte do estado, que deveria proteger o meio ambiente,
temos que mostrar a cara aqui para defender o direito de todos. Mas a gente
continua a luta! O ato de hoje representa apenas uma batalha da guerra contra
todos aqueles que pensam uma economia não sustentável ambientalmente.” 

 

Entre uma canja e outra, músicos como Silvio Rosa, Celso
Adolfo, Max Lisboa e Pedro Morais, bradaram também por amor à Serra do Curral.
As pessoas presentes puderam ouvir as falas baseadas em fortes argumentos
contra a  explotação desmedida e também
se manifestaram a favor da paralização imediata da lavra e beneficiamento de
minério de ferro na Serra do Curral. O medico e morador do Taquaril, Arthur
Nicolato, convidou o público a uma reflexão. “A serra é a água que a gente bebe,
o ar que a gente respira. Nós não precisamos de mina, de empreendimentos, de
expansão pra cima de área verde. A gente precisa de qualidade de vida, precisa
que a serra, em toda a sua extensão ainda existente, seja devolvida à população
para que possamos desfrutar de saúde, de condições mínimas. O dinheiro que a
exploração de minério pode trazer a alguns indivíduos não tem nenhum nível de
comparação com os prejuízos que a destruição da serra  traz.” Nicolato denunciou a mineradora
Empabra, em 2014, por minerar ao invés de recuperar a área da Granja Corumi,
conforme deliberado pelo COMAM (Conselho Municipal do Meio Ambiente) em 2008.
Atualmente, a empresa rouba da natureza cerca de 500 caminhões de minério,
diariamente.

 

A noite chegou e trouxe com ela o vento frio, típico do final
de outono. As pessoas, aquecidas pelo sentimento de indignação e ao mesmo tempo
pelo amor à Serra do Curral, se despediram do domingo com  a alma lavada. E como disse a ambientalista
Maria Tereza Corujo, “este movimento tem que continuar. Vamos mostrar a cara de
quem está insistindo em destruir o nosso patrimônio”.

 

 

 

 

 

 

 

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