16/12/2011
Dinâmica das bacias hidrograficas deve ser considerada na prevenção de enchentes
Final de ano, período chuvoso e a
situação se repete: avenidas alagadas, trânsito caótico, a cidade ilhada. As
chuvas que atingem a Região Metropolitana de Belo Horizonte desde o início da
semana já causaram muitos prejuízos. Com a tempestade de ontem, a Avenida
Cristiano Machado teve que ser interditada devido ao transbordamento do
Ribeirão do Onça, um dos afluentes do Rio das Velhas, atingindo os bairros 1º
de Maio, Guarani, Suzana e São Gabriel. Avenidas como a Francisco Sá,
Vilarinho, Bernardo Vasconcelos e Antônio Carlos também sofreram com os
alagamentos. A Prefeitura de Belo Horizonte decretou estado de emergência na
cidade.
Até agora choveu em Belo
Horizonte 15% acima da média esperada para o mês de dezembro. E a previsão é de
mais água: de acordo com o Instituto Nacional de
Meteorologia e o Sistema de Meteorologia e Recursos Hídricos de Minas Gerais, nos próximos 5 dias,
é esperado mais chuva para a Zona da Mata, Centro, Sul, Oeste e Leste de Minas Gerais.
Está
certo?
São
muitos os fatores que contribuem para a atual situação de Belo Horizonte como o
inadequado uso e ocupação do solo, em especial nos fundos dos vales; o alto
grau de impermeabilização do solo; a ausência de áreas verdes e ainda o comprometimento
de cursos d’água e canais, que sofrem com assoreamento e lixo.
Para
o coordenador geral do Projeto Manuelzão, Marcus Vinícius Polignano, a
manutenção do modelo de canalização de córregos agrava a situação. “A
construção de piscinões ou aprofundamento do leito do rio são medidas
paliativas, que tiram o foco da discussão das verdadeiras causas do problema. É
preciso acabar com a indústria das enchentes, que propõe investimentos e obras
faraônicas que não resolvem os problemas”, observa.
Ele
destaca que é necessário mudar a gestão de águas em Belo Horizonte, realizando ações
que compreendam o território da Bacia Hidrográfica e não apenas em pontos
isolados. “Nós transformamos córregos e rios em
avenidas e depois nos espantamos quando as avenidas e ruas se transformam em
córregos. Não podemos dominar a natureza, mas podemos aprender como
conviver com ela e evitar os danos e tragédias”, afirma.
Avenida Cristiano Machado é uma das principais vias da capital. (Imagem: Google Maps)
Devido ao alagamento, Cristiano Machado ficou interditada por 12 horas. (Foto: Amadeu Barbosa)