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Como as sociedades reagem às epidemias

01/10/2020

O nível de conhecimento científico e as formas atuação do Estado são historicamente essenciais para o combate às epidemias em todo o mundo

O caráter distintivo das Epidemias está em sua manifestação coletiva e singular; coletiva enquanto fenômeno que atinge grupos de indivíduos provocando alterações no modo de “levar a vida” e é singular enquanto ocorrência única na unidade de tempo e espaço em que ocorre.

As práticas de intervenção utilizadas para o combate às epidemias refletem, de um lado, o conhecimento que se tem do fenômeno e, de outro lado, as formas de atuação do Estado em cada período histórico. As epidemias estiveram sempre presentes na História do homem na Terra, intensificando-se nas épocas de transição entre os modos de produção e nos momentos de crise.

As palavras latinas “pestes” e “pestilentia” são usadas para indicar qualquer doença com mortalidade elevada que
acomete um grande número de pessoas ao mesmo tempo, sem indicar, obrigatoriamente, a doença em questão.

A grande mudança que ocorreu ao longo da história foi o desenvolvimento da ciência. Graças a ela, fomos descobrindo
o mundo dos micróbios invisíveis ao olho humano, os mecanismos de transmissão das doenças, medidas sanitárias para
evitar a contaminação do ambiente e das pessoas, medicamentos e vacinas.

Epidemias que mudaram a história:

A praga ou peste, que atingiu a Europa por volta de 1350, foi aterrorizante e matou cerca de um terço da população, mas analistas dizem que pode ter ajudado a região a se desenvolver. A enorme mortalidade causou escassez de mão de obra
para os proprietários de terras, fazendo com que o sistema velho sistema feudal, que forçava pessoas a trabalhar nas terras de um senhor para pagar seu aluguel, começasse a desmoronar.

Isso levou a Europa Ocidental a desenvolver uma economia mais moderna, comercializada e baseada em dinheiro. Como ficou muito mais caro contratar pessoas para trabalhar, os empresários também começaram a investir em tecnologias que economizavam mão de obra.

Houve até a sugestão de que o surto encorajou o imperialismo europeu. As viagens marítimas e as explorações eram vistas como extremamente perigosas, mas com taxas de mortalidade tão altas causadas pela praga em casa, as pessoas estavam mais dispostas a correr os riscos das longas viagens. E isso ajudou a incentivar o colonialismo europeu a se expandir.

Outras epidemias dizimaram populações indígenas das Américas. Um estudo feito por cientistas da University College London, no Reino Unido, descobriu que a ocupação europeia viu a população da região cair de 60 milhões de pessoas
(cerca de 10% da população mundial na época) para apenas 5 ou 6 milhões em cem anos. Muitas dessas mortes foram
causadas por doenças introduzidas pelos colonizadores.

O maior assassino foi a varíola. Outras doenças mortais incluíam sarampo, gripe, peste bubônica, malária, difteria, tifo e cólera. Além da perda catastrófica de vidas e do terrível sofrimento humano na região, houve consequências para o mundo inteiro.

As gripes que são viroses sempre tiveram grande impacto como geradores de epidemias e em especial pandemias. Em 1918, gripe espanhola espalhou morte e pânico, estima-se que tenha matado mais de 50 milhões de pessoas no mundo entre 1918 e 1920.

Fonte: National Museum of Health and Medicine

A maior pandemia da história recente foi a de gripe espanhola, com mais de 50 milhões de mortes no mundo entre 1918 e 1920. Hospital de campanha. Foto: National Museum of Health and Medicine 

Marcus Vinícius Polignano

Texto publicado originalmente na Revista Manuelzão 87.

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