Comunidade luta em defesa de suas águas em Itabirito

17/01/2018

Essa proposta, apresentada pela mineradora Aston Martins, segundo moradores, possibilitaria que as fontes secassem e os cursos de água fossem poluídos.

A comunidade do Ribeirão do Eixo
que fica no município de Itabirito, às margens da BR 040, está preocupada com a
futura instalação de uma barragem de rejeito, próximo ao córrego de mesmo nome
que abastece a região.

Essa proposta, apresentada pela
mineradora Aston Martins, segundo moradores, possibilitaria que as fontes
secassem e os cursos de água fossem poluídos. “Isso tudo se tornou um pesadelo para
nós”, disse a moradora Lucélia Maria da Silva.  Segundo ela, a empresa, em
breve, vai se instalar no local e isso se dará em área onde nasce parte das
águas que abastecem não somente a comunidade, mas também o Rio Itabirito.

 “O povo da localidade está
desesperado e não quer a mineradora atuando na área proposta. Nosso receio é
ficar sem o volume e a quantidade atuais de água que servem a região”, disse
preocupada.

Contudo, segundo informações, a
situação de Ribeirão do Eixo é um pouco mais complicada. Recentemente, a Aston
Martin se reuniu com a população local em um encontro muito tempestivo, falou das
intenções da firma. Todavia, a população não quis saber de explicação. “Não
queremos a empresa aqui”, disseram moradores.

Transtornos à comunidade

 De acordo com Lucélia Silva, o
projeto, se liberado pelas autoridades representará grandes transtornos para a
comunidade que necessita da água para abastecimento das residências. Para ela, o
projeto compromete o abastecimento de mais de 300 famílias e prejudicará não apenas
o social, mas o meio ambiente local.

“Esse projeto quando foi apresentado
á comunidade chocou os moradores. E nos causou espanto e preocupação, pois
desconhecíamos sua real aplicação. Ele se instaurado como na proposta, comprometerá
as nascentes do Córrego do Eixo, posteriormente o rio Itabirito e mais à
frente, o rio das Velhas que abastece Belo Horizonte”.

O Projeto

Segundo a proposta da empresa
Aston Martins, apresentada à comunidade, o projeto seria para beneficiamento de
minério de ferro em área onde se encontra o manancial. Como revelou Lucélia, a
princípio, a proposta era fazer o aproveitamento e a lavagem de minério de
ferro para uma mineradora. “Seria um total de 5 milhões /ano de reaproveitamento
para pilha estéril em barragem de minério.  E para esse empreendimento seria usado o curso
d’água local retirando dele 70% de sua água.  Não podemos concordar com isso, pois nosso manancial
é de classe especial e utilizamos dele para sobreviver”, afirmou.

Para esclarecer os fatos e
impedir que o projeto seja realizado, a comunidade pretende acionar a Supram – que
já haveria dado o aval para a proposta – e órgãos como o Copam,  IEF, Ministério Público e a prefeitura de
Itabirito. A informação que se tem é que a mineradora já está legalizada
perante o Estado. Essa empresa já conseguiu as licenças ambientais. Tais
licenças vêm do Estado e não do Município. O que mineradora precisa fazer é
entrar em acordo com a comunidade. Já a Prefeitura pode atuar para tentar
resolver o impasse.

“Não pouparemos esforços até que
esta proposta absurda e anti-ambiental se resolva”, afirmou Lucélia ao revelar
a indignação da comunidade com a situação. “Faremos tudo que for possível para
que esse projeto não seja realizado e nossa água preservada”.

Para o coordenador do Projeto
Manuelzão, Marcus Vinícius Polignano, a proposta apresentada fere e vai contra
o artigo 4º, da Lei 10.793/92, que dispõe sobre a proteção de mananciais
destinados ao abastecimento público no Estado de Minas Gerais, que proíbe projetos
ou empreendimentos que comprometam os padrões mínimos de qualidade das águas. “O
Projeto Manuelzão estará sempre com a comunidade nesta luta e acompanha os
fatos”.

A reportagem não conseguiu
contato com a empresa. 

 

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