28/01/2015
Especialistas do Projeto Manuelzão e presidentes de Comitês de Bacia afirmaram em entrevista ao jornal ‘O Tempo’ que a situação grave por que passa o país foi resultado de má gestão dos recursos hídricos.
A situação inédita de falta de água a que Minas Gerais e a região metropolitana de Belo Horizonte chegaram começou a ser “construída” há vários anos. Entre todos os especialistas ouvidos pela reportagem é unânime a opinião de que houve uma gestão irresponsável dos recursos hídricos nas administrações estaduais e nacionais nas últimas décadas. Os problemas são sintetizados em um tripé, com falhas consideradas graves de investimento, fiscalização e transparência.
Apolo Heringer, ambientalista e coordenador do projeto Manuelzão, afirma que culpar a natureza é uma saída fácil e irreal. Segundo ele, as chuvas sempre caem, mas a água não é aproveitada. “O Estado está vivendo uma seca subterrânea. Estamos ficando sem água nos lençóis freáticos. O principal problema é que a água da chuva não está infiltrando no solo porque não temos mais vegetação. Com isso, os lençóis não abastecem as nascentes dos rios, que estão secando antes do fim do ano (quando começa os períodos chuvosos, que poderiam ‘encher’ as nascentes)”.
O que está ocorrendo hoje, na avaliação dos especialistas, é reflexo direto do desmatamento dos biomas, da degradação dos rios e da urbanização descontrolada. Eles defendem o racionamento de água por todos, inclusive o setor agrícola e a mineração, e que se inicie uma gestão transparente. “Houve uma falha de esconder a realidade. A população ficou sem saber os riscos que estava correndo. Agora, o jeito é economizar”, disse o presidente do Sindágua, José Maria dos Santos.