De onde vem o verde?

01/10/2010

Estiagem e problemas de saneamento podem ser a causa de mudança na coloração das águas na Pampulha

Ao passar pela região da
Pampulha constatamos uma realidade que entristece os belo-horizontinos:
“Podemos ver a olho nu o esgoto in natura
[esgoto sem tratamento prévio], além de algas que deixam o espelho d’água da
Lagoa todo verde”, conta o mobilizador do Projeto Manuelzão, Rafael Bernardes,
que fez nos dias 30 de agosto, 3 e 7 de setembro uma pequena expedição pelo
local. Crescimento de algas na Lagoa indica desequilíbrio ambiental. Foto:Roberto Barreto
Crescimento de algas na Lagoa indica desequilíbrio ambiental. Foto:Roberto Barreto

A bióloga do Laboratório de
Gestão Ambiental de Reservatórios da UFMG, Maíra Oliveira Campos ressalta que a
presença de algas não precisa ser necessariamente algo negativo, afinal são
elas que produzem oxigênio para a Lagoa. A grande preocupação é quando elas crescem
em excesso, provocando desequilíbrio no ambiente. Esse fenômeno é denominado eutrofização.
Ele ocorre devido ao aumento de materiais orgânicos que favorecem a
proliferação das algas.

Os esgotos sem tratamento são as
grandes fontes de materiais orgânicos. Eles são ricos em fosfato e nitrogênio,
presentes em fezes, urina, nos restos de alimentos e até em detergentes. De
acordo com a Copasa, cerca de 80% do esgoto da Bacia da Pampulha é enviado e
tratado na Estação de Tratamento de Esgoto da Bacia do Onça. No entanto, o
tratamento secundário, capaz de retirar boa parte do material orgânico dos
esgotos, só foi inaugurado
em fevereiro deste ano. Segundo a Companhia, a maioria do esgoto que chega à
Lagoa é proveniente de ligações clandestinas de alguns imóveis da região da
Pampulha.

O esgoto somado ao período de
estiagem contribuiu para a realidade da Lagoa. Sem chuva, há baixa circulação
de água na Lagoa, o que propicia o crescimento exagerado de algas que causam a
coloração esverdeada, as cianobactérias ou algas azuis. Maíra, que fez estudos
sobre Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos na região da Pampulha em
setembro do ano passado, comentou que esse ano a situação parece mais crítica,
principalmente perto da barragem.

Quando morrem, a decomposição
das algas pode tornar aquela massa de água pobre em oxigênio, provocando a
mortandade de peixes e demais seres vivos daquele ambiente. Pode haver ainda
formação de toxinas além do cheiro desagradável.

Uma das soluções para controlar
esse desequilíbrio seria acabar com o lançamento de esgoto na Lagoa. Segundo a
Copasa, esse lançamento tem sido identitificado e eliminado pelo Programa
Caça-Esgoto. Maíra afirma que mesmo eliminando o esgoto, a Lagoa levará um
tempo para tirar o excesso de nutrientes acumulados em seu leito. 

 

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