18/01/2018
Evidências científicas também dão a entender que florestas saudáveis, com elevada biodiversidade, dificultariam a proliferação dos vírus. Embora o surto não deixe de ocorrer.
Doença infecciosa febril aguda,
causada por um vírus transmitido por mosquito, a febre amarela não é registrada
em centros urbanos do Brasil desde a década de 1940, mas atualmente um surto acontece
em todo o país e leva a população a se preocupar com a doença.
Muitos casos já foram registrados
em Minas e segundo dados divulgados pela Secretaria Estadual de Saúde (SES- MG),
o número de mortos (99) quase dobrou no período de um mês (eram 55), e, o mais
grave, do total de mortes investigadas (105), apenas seis casos foram
descartados, mostrando o alto grau de letalidade da doença.
Segundo a SES, o total de casos
notificados de febre amarela no estado já chega a 1.063, com a confirmação de
260. Os técnicos informam que são 15 novas notificações em relação ao documento
da semana anterior, que tinha 1.048 casos.
Até o momento, a doença já teve
casos em 88 municípios mineiros, com confirmação em 46. Em relação ao último
boletim, que apresentava 87 localidades, o município de Novo Oriente de Minas,
no Vale do Mucuri, a 520 quilômetros de Belo Horizonte, aparece como novidade
na lista. Ladainha, também no Vale do Mucuri, segue como município com maior
número de mortes notificadas: são 21, com 14 confirmadas.
O retorno da febre amarela
silvestre não é novidade. Nos últimos anos, casos isolados foram registrados
nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul. A quantidade de afetados em Minas
Gerais, no entanto, é maior.
De acordo com médicos da
Faculdade de Medicina da UFMG, os principais sintomas são febre, calafrios, dor
de cabeça, dores no corpo, fadiga, náuseas e vômitos. As manifestações clínicas
incluem insuficiência hepática e renal, podendo evoluir para óbito.
Degradação ambiental
De acordo com ambientalistas do Manuelzão,
uma das hipóteses é que o desmatamento ao longo dos anos deixou as espécies de
macacos em fragmentos muito pequenos de florestas, o que traz diversos
desdobramentos. Evidências científicas também dão a entender que florestas
saudáveis, com elevada biodiversidade, dificultariam a proliferação dos vírus.
Embora o surto não deixe de ocorrer, sua intensidade pode ser menor em um meio
ambiente preservado.
Para eles, uma floresta onde há
maior disponibilidade de frutos e sombras e onde não há poluição faz com que os
macacos se desenvolvam mais saudáveis e sem estresses, com um sistema
imunológico mais eficiente, oferecendo mais resistência à doença.
Macacos
É importante salientar, no
entanto, que a transmissão não acontece do macaco para o homem, mas eles são
hospedeiros do vírus, e os mosquitos ao picá-los transmitem ao homem. Em
decorrência da morte de um macaco com febre amarela, levantou a dúvida de se o
animal pode ou não transmitir a doença às pessoas. A resposta é negativa.
Para ambientalistas do Manuelzão,
os animais representam apenas um alerta às autoridades quanto à incidência da
doença em áreas silvestres, porque são vulneráveis ao vírus, e ajudam a
elaborar ações de prevenção da doença em humanos.
Parques de BH
Como medida de prevenção, três
parques em Belo Horizonte estão fechados. De acordo com a prefeitura, a
interdição, por tempo indeterminado, dos parques Jacques Cousteau, na Região
Oeste, das Mangabeiras e da Serra do Curral, ambos na Região Centro-Sul, tem o
objetivo de evitar que o surto de febre amarela silvestre que o estado enfrenta
chegue à capital, com casos autóctones, ou seja, aqueles contraídos dentro da
própria cidade. A visitação também está suspensa no Mirante das Mangabeiras.
Qual o tratamento?
Segundo a Fiocruz, não há
tratamento específico para a febre amarela. A vacinação continua sendo a
principal medida de prevenção contra a doença, além do controle do vetor.
Produzida pelo Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos
(Bio-Manguinhos/Fiocruz), a imunização é oferecida gratuitamente no Calendário
Nacional de Vacinação do Sistema Único de Saúde (SUS).
Como se prevenir
A prevenção contra a febre
amarela se dá pela proteção contra a picada de mosquitos com o uso de
repelentes e roupas protetoras e com o uso da vacina. A vacina é altamente
eficaz e segura nos grupos indicados. Crianças
abaixo de 6 meses, gestantes e idosos acima de 65 anos, bem como indivíduos em
tratamento ou com condições que levem a depressão da imunidade, não devem tomar
a vacina ao menos que haja recomendação explícita do médico.