Desafio que nos move

23/03/2011

Realidade da Lagoa da Pampulha é discutida na semana da água

“O Projeto comemora o dia da água com preocupação”, diz o coordenador geral do Projeto Manuelzão, Marcus Vinícius Polignano. Para ele, ainda há muito o que conquistar para a melhora da qualidade de nossas águas. O Manuelzão vem se empenhando pela revitalização da Bacia do Rio das Velhas, um dos afluentes do Rio São Francisco. Em 14 de agosto do ano passado, o Projeto lançou a Meta 2014, que entre tantos outros desafios, propõe uma melhoria significativa das águas da Lagoa da Pampulha até o ano da Copa do Mundo, que será sediada aqui no Brasil. Na data, o então governador Antonio Anastasia, o ex-governador Aécio Neves e o prefeito de Belo Horizonte Márcio Lacerda, entre outras autoridades, assinaram documento que estabelecia diretrizes para a nova proposta.

Muitos não acreditam que será possível nadar na Lagoa da Pampulha até 2014 e não é difícil entender o porquê da descrença. A Pampulha ainda recebe muito esgoto sem tratamento. Nos dias 30 de agosto, 3 e 7 de setembro do ano passado um dos mobilizadores do Projeto, Rafael Bernardes, fez uma pequena expedição pela região da Pampulha.  No período, foi observado excesso de algas que se reproduziam pela alta concentração de matéria orgânica, o que deixou o espelho d’água com coloração esverdeada. Dados disponibilizados na página da Regional Pampulha apontam que 30% da área da Bacia não possui rede de coleta de esgoto.

A deterioração do ambiente e diminuição da qualidade da água vem causando impactos na biodiversidade da Lagoa. Em pesquisas realizadas entre os anos de 1989 a 1992 pelo Instituto de Ciências Biológicas da UFMG em parceria com a SUDECAP foram identificadas 20 espécies de peixes, abrangendo cinco ordens e nove famílias. Dez anos depois, outra pesquisa, financiada pelo FIPE (Fundo de Apoio à Pesquisa da PUC-Minas) e com apoio do Consórcio de Recuperação da Bacia da Pampulha e do Projeto Manuelzão, registrou 11 espécies, distribuídas em cinco ordens e sete famílias. De acordo com o biólogo do Projeto Manuelzão e integrante das equipes dos estudos, Carlos Bernardo Mascarenhas, a situação atual da quantidade de espécies e do predomínio de peixes mais resistentes à poluição pode ser igual ou pior do que a registrada em 2002. Para atualizar esses dados, a intenção é realizar novas avaliações em 2012.

O assoreamento é outra preocupação. De acordo com a Regional Pampulha a Lagoa perdeu, nas últimas três décadas, a metade de sua capacidade de retenção de água, passando de 18 para nove milhões de metros cúbicos. A obstrução da área da Lagoa por sedimentos diminui a quantidade da água do reservatório. (Confira aqui, matéria de Flávia Ayer, do Estado de Minas, sobre o desafio de revitalizar a Lagoa). Nesta quinta-feira, dia 24, será realizada audiência pública para que esse problema seja discutido. Foram convidados a participar da reunião autoridades municipais e estaduais ligadas ao assunto e também representantes dos Núcleos Manuelzão OBA! Pampulha, João Gomes, Engenho Nogueira e Cascatinha. A audiência acontece às 13h no Plenário Helvécio Arantes, na Câmara Municipal de Belo Horizonte. O endereço é Avenida dos Andradas, 3.100, bairro Santa Efigênia. 

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