Documentário retrata desafios de moradores com inundações do OnçaProjeto Manuelzão

Documentário retrata desafios de moradores com inundações do Ribeirão do Onça, em BH

15/05/2025

Unindo relatos, imagens de arquivo e registros atuais, “Arrancados das Raízes” narra esforços para ressignificar a relação com o curso d’água no bairro Ribeiro de Abreu

Placa do Parque Ciliar Comunitário do Ribeirão do Onça em “Arrancados das Raízes”. Reprodução.

Agora disponível no YouTube, o documentário Arrancados das Raízes: Vivências de um Território Vulnerável (2024), dirigido por João Victor Fagundes e com roteiro assinado por ele e por João Victor Vilete, registra a trajetória de moradores do bairro Ribeiro de Abreu, em Belo Horizonte, afetados pelas inundações recorrentes do Ribeirão do Onça. Desenvolvido inicialmente como trabalho de conclusão de curso do curso de Design do Centro Universitário Una, o filme lançado em dezembro do último ano combina relatos pessoais, imagens de arquivo e registros atuais para documentar décadas de desafios e aspirações.  

A ideia para o projeto surgiu da experiência de Vilete, que cresceu na região e presenciou os impactos das inundações. Com apoio do Conselho Comunitário Unidos Pelo Ribeiro de Abreu (Comupra), diretor e roteirista coletaram depoimentos de residentes, como o de Wilson José, que conta a rotina durante as cheias do Onça. “Mesmo com água dentro de casa, ajudávamos os vizinhos a salvar idosos e animais”.  

O documentário capta a relação complexa da comunidade com o Ribeirão do Onça. Após anos de avanço da ocupação irregular de suas margens e áreas de várzea e do acúmulo de lixo, o Onça acabou transformado em fonte de risco para esses moradores. Imagens aéreas feitas com drone mostram trechos urbanizados em contraste com áreas ainda preservadas. Marcas de inundações em paredes e portas danificadas durante resgates ilustram os prejuízos materiais e emocionais vividos.  

A pressão organizada da comunidade, incluindo protestos e interdições simbólicas da BR-381, resultou na remoção de quase mil famílias de zonas de risco. A desapropriação, no entanto, mudou drasticamente o cotidiano das famílias. “Deixamos para trás histórias enterradas na lama. As festas de rua, os mutirões… isso não se recupera”, conta Margareth Vilete em depoimento ao filme. 

Em contraponto, a produção destaca o Parque Ciliar Comunitário do Ribeirão do Onça, um projeto de revitalização que está sendo implementado na região desapropriada e que surge como uma esperança coletiva. Idealizado pelo Comupra e pelo movimento Deixem o Onça Beber Água Limpa, o plano foi apresentado à Prefeitura de Belo Horizonte em 2015 e propõe uma integração harmoniosa entre lazer, atividades culturais e preservação ambiental. Mais do que um espaço físico, o parque simboliza persistência e transformação, materializando o anseio local de tornar o Onça um elemento central para a melhora do clima, da qualidade de vida e da convivência em meio à malha urbana.

Para o jovem diretor, o filme cumpre o papel de visibilizar histórias negligenciadas.“Todos ficaram muito felizes e emocionados, moradores que não conseguimos entrevistar durante as gravações nos procuraram para dizer que se sentiram representados, pois a história foi contada com carinho e honestidade”, conta Fagundes sobre a reação da comunidade à obra.  

Assista ao documentário na íntegra:

 

Poster do filme documentário “Arrancados das Raízes”.

 

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