E o rio ficou verde

26/09/2013

A proliferação de cianobactérias está afetando o rio das Velhas da região metropolitana até sua foz, indicio de que a química está ruim. E sinal de que o rio está com uma septicemia e pode caminhar para uma falência múltipla, por isso, é preciso agir urgentemente para mudar a situação.

Quem observa de longe as águas verdes de alguns rios, pode achar bonito o
fenômeno, mas não imagina que por detrás daquele esverdeado, há um grande
problema e que o rio sofre a ação destruidora do homem. Na verdade trata-se de
proliferação de cianobactéria.

Sua origem é estimada em cerca de 3,5 bilhões de anos e uma das
características marcantes das cianobactérias é a capacidade de crescimento. De
acordo com especialistas, em condições normais, as cianobactérias e os demais
organismos aquáticos convivem de modo equilibrado. No entanto, quando há algum
tipo de poluente que enriqueça a água com nitrogênio e fósforo – a chamada
eutrofização – o ambiente torna-se propício à multiplicação excessiva de
cianobactérias, dando origem ao fenômeno chamado “floração das águas”, a
coloração esverdeada, que acontece por causa do potencial de produção de
toxinas de certas espécies. Esse fenômeno é responsável por problemas sanitários
que, além da toxicidade, conferem odor e sabor de terra ou mofo às águas. Essas
florações normalmente tornam as águas esverdeadas ou amareladas, formando
manchas na superfície devido ao elevado número de indivíduos.

Quando falamos de cianobactérias, estamos nos referindo a uma família muito
grande e heterogênea, que habita tanto a água doce, quanto a salgada. Esta
diversidade se reflete no grande número de doenças que podem atingir o homem,
que vão desde uma alergia de pele até a morte. Como revelam especialistas, é
importante enfatizar que todos os reservatórios possuem estes microrganismos,
os quais são inofensivos em baixas concentrações na água e que é feito o
controle rigoroso destes na água dos reservatórios, proibindo a atividade
recreativa quando a concentração se torna prejudicial à saúde.


Prejuízos à saúde humana

De acordo com especialistas, o acúmulo de cianobactérias formando essas
florações é um fato preocupante, pois, algumas espécies produzem e liberam
toxinas (cianotoxinas) que afetam não só o ecossistema aquático como também a
saúde humana. A principal preocupação com o aumento da ocorrência de florações
de cianobactérias em mananciais de abastecimento de água é a capacidade desses
microorganismos que podem afetar a saúde humana, tanto pela ingestão de água
como por contato em atividades de recreação no ambiente, ou ainda pelo consumo
de pescado contaminado.

 Como alertam, cerca de 60% das espécies de cianobactérias produzem
toxinas muito potentes, tão letais que quando ingeridas (água ou pescado
contaminados) afetam, principalmente, o fígado, o rim e o sistema nervoso
central, podendo produzir neurotoxinas que inibem a transmissão de impulsos à
musculatura, provocando a morte por parada respiratória, hepatotoxinas que
causam intoxicações, morte por hemorragia do fígado e dermatotoxinas, irritante
ao contato.

 No Brasil, um caso que gerou muita repercussão envolvendo essa
cianotoxina foi o de Caruaru, em 1996 quando o abastecimento de água de uma
clínica de hemodiálise estava infestado por microcistinas ocasionando a
intoxicação de cerca de 130 pacientes. Outro, e esse, considerado o maior surto
de infecção por este microrganismo no país, ocorreu no reservatório de
Itaparica-BA, onde 2000 pessoas adoeceram (diarréia sanguinolenta) por ingerir
água oriunda de um reservatório superpovoado por algas azuis. Neste surto,
ocorreram 88 mortes.

Na região metropolitana de Belo Horizonte, o Rio das velhas preocupa, e
segundo o professor e coordenador do Projeto Manuelzão, da UFMG,
Marcus Vinícius Polignano, é preciso pensar ações rápidas de mobilização. “A
proliferação de cianobactérias está afetando o rio da região metropolitana até
a foz do rio das Velhas, nunca tinha visto isto antes. Isto é indicio de que a
química do rio está ruim. O rio está com uma septicemia e pode caminhar para
uma falência múltipla e que precisamos agir para mudarmos esta situação”,
destaca.

 O que fazer para minimizar o risco

 . Ferver a água ou assar bem o peixe não adianta, pois a toxina é
estável em altas temperaturas.

. Nunca beba água do reservatório. Mesmo a água da caixa de pousadas e
ranchos pode estar contaminada. Prefira água mineral.

. Evitar nadar no rio enquanto tiver com a coloração esverdeada.


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