10/06/2022
Trabalhar a educação ambiental só se torna possível quando se resgata o indivíduo na sua estreita e indissolúvel ligação entre os seres vivos e as fontes de vida
As grandes transformações históricas só se concretizam quando novos valores culturais são incorporados ao modo de vida das pessoas e a sua existência cotidiana, vinculando o particular ao público, o microssocial ao macrossocial (Gadotti, 2003).
Se o modelo sociocultural existente degrada o meio ambiente e não se modifica é porque a sociedade o sustenta culturalmente.
O desconhecimento do conceito de bacia faz com que as pessoas não tenham consciência das consequências sistêmicas das próprias atitudes e ações que provocam no ecossistema da bacia.
A cultura antropocêntrica contemporânea demonstra pouca preocupação com as consequências do atual modelo para as gerações futuras. Portanto, a grande meta é redesenhar um novo modelo biocêntrico, que possa recompor a nossa relação com a natureza, centrada no respeito à vida. Trabalhar a educação ambiental só se torna possível quando se resgata o indivíduo na sua estreita e indissolúvel ligação entre os seres vivos e as fontes de vida.
Cotidianidade e territorialidade são conceitos-chave, pois, ao nos referirmos ao processo educativo, precisamos entender onde cada educador e educando se situa, de modo a promovermos uma prática que seja simultaneamente específica e universal.
Somente através da cultura seremos capazes de criar uma nova mentalidade civilizatória que permita a existência de rios vivos, da biodiversidade e de uma nova mentalidade de promoção de saúde, da vida e de solidariedade socioambiental planetária.
Embora nem todas as escolas estejam localizadas nas proximidades de um curso d’água, todas pertencem a uma bacia hidrográfica. Portanto, podemos afirmar sem nenhuma dúvida que todas as atitudes ambientais praticadas na escola, por professores e alunos, terão uma repercussão direta sobre a bacia hidrográfica à qual a escola pertence.
Assim, a Educação e a Gestão Ambiental deverão ser desenvolvidas como uma prática integrada, contínua e permanente em todos os níveis e modalidades do ensino formal (escola) e não formal (comunidade), buscando sensibilizar a coletividade sobre as questões socioambientais locais e sobre a importância da sua participação no processo.
Para que seja efetiva deve-se caminhar para a Gestão Ambiental na escola, baseando-se no desenvolvimento de uma pedagogia ambiental, que compreende um conjunto de etapas sucessivas e interdependentes. Essas etapas têm por objetivo final a incorporação de novos conhecimentos, valores e atitudes que favorecem e fomentam a educação contextualizada e participativa.
A seguir acompanhe e desenvolva ações de acordo com os conteúdos, que foram organizados em quatro blocos, que poderão ser trabalhados desde os anos iniciais até os anos finais do ensino fundamental.
1- Ciclos da natureza
Dessa forma cria-se o momento oportuno para discutir: o conceito de bacia hidrográfica, os usos da água, a lei de gestão das águas 9433/97, os ecossistemas aquáticos, a biodiversidade e a sua relação com bacia hidrográfica, a mortandade de peixes, a degradação dos cursos d’água e a falta de saneamento básico.
2 – Ambiente e Vida
3 – Meio Ambiente e conservação ambiental
4 – Sistemas econômicos e ecológicos
Outro tema a ser tratado é a interface entre os sistemas econômicos e os sistemas ecológicos. A economia convencionou considerar a natureza como uma espécie de fator limitante que impede o progresso do crescimento econômico, cabendo à tecnologia, o papel de ultrapassar os limites impostos pela natureza, para que o ser humano possa adquirir ganhos de produtividade na atividade econômica, impondo o ritmo de trabalho da máquina sobre o ritmo de funcionamento da natureza.
Porém, alguns economistas mais sensibilizados com a questão ambiental abandonaram esta posição convencional e inauguraram outra perspectiva: a economia ecológica, que é entendida como um novo campo interdisciplinar que examina as relações existentes entre os sistemas ecológicos e os econômicos, na tentativa de harmonizar os dois sistemas entre si. Ela reconhece que os sistemas ecológicos desempenham um papel fundamental na sustentação da vida na Terra, sendo essenciais para a existência do ciclo de carbono e da água, para o fornecimento de matéria-prima, alimento, e de uma infinidade de situações que em última análise são extremamente úteis para o ser humano.
Gadotti, M. Saber aprender: um olhar sobre Paulo Freire e as perspectivas atuais de educação. In. LINHARES, C. e TRINDADE, M. N. Compartilhando o mundo com Paulo Freire. São Paulo. 2003.
Lisboa, Apolo Heringer; Goulart, Eugênio Marcos Andrade; DINIZ, Letícia Fernandes Malloy. Projeto Manuelzão: a história da mobilização que começou em torno de um rio. Belo Horizonte. Rona Editora, 2008.