Encontro de Núcleos Manuelzão reúne novas e antigas lideranças ambientalistas na UFMGProjeto Manuelzão

Encontro de Núcleos Manuelzão reúne novas e antigas lideranças ambientalistas na UFMG

10/04/2023

Cerimônia realizada na Faculdade de Medicina fortalece rede de apoio entre os coletivos e o Projeto, além de estimular o amadurecimento de novas ideias

O 1º Encontro de Núcleos Manuelzão foi realizado na última quinta-feira, 30 de março, na Faculdade de Medicina da UFMG. O evento marca o começo de um novo ciclo nos trabalhos do Projeto com saneamento, meio ambiente e a força da coletividade na luta pelos direitos humanos relacionados à saúde comunitária. Com cerca de 50 presentes, o Encontro contou com a participação de representantes dos Núcleos Manuelzão de Belo Horizonte, nas sub-bacias dos ribeirões Arrudas e Onça, além de parceiros e voluntários.

Antes do debate, os convidados foram conduzidos pela exposição “Projeto Manuelzão – Sonhar com Rios”, que apresentava e celebrava os mais de 25 anos de história do Projeto. Os artistas Severino Iabá e integrantes do grupo Boi Rosado e a dupla Bárbara Barcellos e Theo Lustosa embalaram a abertura e o encerramento.

O grupo Boi Rosado, liderado pelo artista e companheiro de luta Severino Iabá, conduziu um cortejo na abertura do evento. Foto: Enaile Almeida.

O coordenador do Projeto Manuelzão, Marcus Vinícius Polignano, ressaltou o grande significado traduzido pelo evento: a (re)ocupação dos espaços da universidade pública. Para o Projeto, que, simbolicamente, ganhou corpo justamente na Faculdade de Medicina da UFMG, é muito bem-vindo reunir figuras e grupos que participaram ativamente da construção de sua herança. E mais ainda, que essa reunião acontecesse no campus universitário.

Entre os 12 Núcleos presentes no Encontro, quatro concentram-se na sub-bacia do Ribeirão Arrudas, sendo eles: Acaba Mundo, Cercadinho, Ferrugem e Navio/Baleia. Já os nove demais estão na sub-bacia do Ribeirão do Onça: Bacuraus, Baleares, Brejinho, Capão, Cascatinha, João Gomes, Nossa Senhora da Piedade, Olhos d’água e Tamboril. Também participaram três parceiros do Projeto Manuelzão: o Conselho Comunitário Unidos pelo Ribeiro de Abreu, o Comupra, o movimento Deixem o Onça Beber Água Limpa e o Projeto Pomar BH.

A coordenadora de Integração Projeto Manuelzão/Instituto Guaicuy, Márcia Marques, celebrou a oportunidade de avançar em agendas comuns. Foto: Enaile Almeida.

Visibilidade para a luta ambiental

O coordenador do Manuelzão exaltou o comprometimento do Projeto com a luta pela preservação ambiental e o enfrentamento à mineração. Ainda, relembrou a participação do Projeto na transformação da relação com os rios no estado de Minas Gerais, assinalando que a coletividade é indispensável para que um novo projeto de vida e cidadania siga se fortalecendo. “O modo que nós temos para ganhar espaço é visibilizar a luta. Se os núcleos ficam muito encolhidos, muito ‘para dentro’, isso não toma corpo na cidade”, afirmou o Polignano.

Assim, os representantes de cada Núcleo presente foram convidados a compartilhar as próprias histórias de surgimento, suas principais conquistas e os principais desafios enfrentados no momento. Entre os temas mais recorrentes e que mais reverberaram ao longo das falas sobre as dificuldades, estão as lutas contra a especulação imobiliária nos territórios dos núcleos e a omissão e falta de apoio dos órgãos públicos.

O professor da Faculdade de Medicina da UFMG  e coordenador do Manuelzão, Marcus Vinicius Polignano. Foto: Enaile Almeida.

O agente socioambiental e integrante dos Núcleos Cercadinho e Ferrugem, Gladson Reis, destacou que essa é uma disputa que se dá nos campos político, jurídico e espiritual, ou seja, imaterial. Por isso, é fundamental nesse processo pensar as relações entre a arte, a música, a cultura e o movimento ambiental. Ao apresentar um projeto que propõe a criação de um festival de música nas escolas da microbacia, representantes do Olhos d’água reforçaram a ideia.

Existem ainda as bacias de detenção a serem construídas em áreas protegidas e as lutas pela implantação de novos parques, além do cuidado com aqueles que foram implantados. Outra questão muito evocada pelos convidados foi a da falta de comunicação generalizada, que permeia tanto as relações entre núcleos, órgãos públicos e Projeto, quanto relações entre os próprios núcleos. As conversas durante o evento se mostraram potentes oportunidades de conhecimento e trocas das histórias uns dos outros.

Conhecido como herói do Núcleo Navio/Baleia, Ernesto Soares da Conceição, o Seu Nonô, relembrou os primeiros anos, repletos de desafios, do processo de revitalização do Arrudas. Além disso, afirmou que é a partir de encontros dessa natureza que o Projeto Manuelzão pode perpetuar seu legado, convidando a juventude a ser mais presente nos movimentos. Afinal, como ele disse, “alguém precisa continuar subindo a serra”.

Defensora da Mata do Planalto, Margareth Ferraz compartilhou histórias da luta na Região Norte da capital. Foto: Enaile Almeida.

Unir forças em um novo ciclo

Diante desse apelo comum no que diz respeito à comunicação e colaboração entre núcleos, algumas possibilidades começaram a tomar forma. Com isso, surgiu a ideia de criação de uma agenda coletiva dos Núcleos Manuelzão, na intenção de, para além de manter e ampliar os elos, explorar mais as parcerias e integrar mais os projetos uns dos outros.

Para a coordenadora de Integração Projeto Manuelzão/Instituto Guaicuy, Márcia Marques, o evento foi surpreendente. Ao possibilitar novos encontros com pessoas e suas frentes de trabalho e reencontros com os fundadores dos núcleos, permitindo que esses grupos fossem ouvidos, a reunião solidificou uma rede de apoio fundamental no momento atual, em que o Plano Diretor de Belo Horizonte se encontra em risco. “Há ainda as novas áreas, que eram da União e agora estão disponíveis para o município, como o Aeroporto Carlos Prates e caso similar na linha férrea do Belvedere, onde os moradores querem parques. A ideia é apresentar um plano de ação com os Núcleos no próximo encontro, no segundo semestre e, enquanto isso, continuar atuando sob demanda de suas necessidades”, relatou a coordenadora.

Pode-se abraçar, assim, que esse foi só o primeiro Encontro de muitos.

O que são os Núcleos Manuelzão?

Os Núcleos Manuelzão são parcerias com os municípios compreendidos na bacia do Rio das Velhas e funcionam como a principal ferramenta de mobilização do Projeto. Com a participação da sociedade civil e de representantes do poder público e de usuários de água, esses coletivos funcionam como fóruns de discussão, elaboração e execução de metas relacionadas a questões ambientais dentro e fora do Manuelzão. Atualmente, os Núcleos Manuelzão concentram-se nas sub-bacias hidrográficas dos ribeirões Arrudas e do Onça, em Belo Horizonte e municípios vizinhos. Saiba mais aqui. [link https://manuelzao.ufmg.br/nucleos/]

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