Entidades ambientais assinam manifesto sobre a retomada da Samarco em reunião CERH-Copam

19/12/2016

O Projeto Manuelzão juntamente com Ongs e movimentos ambientais assinaram manifesto sobre a retomada da Samarco, mesmo após o maior desastre ambiental da história do país.

O documento foi lido na íntegra no início da
reunião conjunta do Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CERH) e do Copam
realizada no dia 14 deste mês.

O
manifesto foi enviado também ao Sisema e divulgado em diversas mídias pelos
integrantes dos movimentos. O manifesto foi lido pela ambientalista, Maria
Tereza Corujo, Teca, que o fez emocionada, diante de um plenário repleto de conselheiros
(as) de todos os matizes.

 Segundo
presentes, houve muitos aplausos após a leitura do manifesto. “Provavelmente
porque nosso manifesto de indignação, lido por mim com o coração, tocou fundo
as pessoas presentes”, revelou Teca. Ambientalistas reclamaram da falta na
reunião dos principais interessados, os impactados. Todos ficaram indignados.

 Leia o Manifesto na íntegra:

MANIFESTO SOBRE A RETOMADA DA SAMARCO

Repudiamos
o fato do governo de Minas Gerais marcar as duas audiências públicas sobre o licenciamento
da Samarco – para a disposição de rejeitos (por um ano e meio) na cava quase exaurida
“Alegria Sul” ou “Alegria E” – bem na véspera do período de
Natal/Ano Novo, férias escolares e recesso do judiciário e ao final de um ano
com grande instabilidade política, econômica e social. As datas foram
orquestradas para contar com a comoção daqueles que, com a crise na economia
(especialmente em Mariana), estão encurralados e sem perspectiva de mudanças.

 Repudiamos
também o licenciamento ser retomado de forma fragmentada, sem avaliar o Complexo
da Germano/Alegria como um todo e alternativas tecnológicas ao beneficiamento a
úmido e sem o cumprimento da reparação dos impactos do rompimento. Sobre a
disposição na cava, nos perguntamos: se ela pode receber rejeito para a
retomada das atividades, sem afetar o lençol freático e com segurança, deveria
receber a lama do rompimento da barragem do Fundão que continua depositada ao
longo dos rios Santarém e Gualaxo do Norte e vai descendo ao longo dos rios do
Carmo e Doce. Afinal, foi alegando a urgência de impedir que essa material
chegue a Candonga que o governo de Minas autorizou o Dique S4, que vai soterrar
grande parte do que restou intacto em Bento Rodrigues, contra o anseio dos
moradores.

 É justo
que uma empresa acusada de “homicídio qualificado com dolo eventual” – que assumiu
o risco de matar – volte a funcionar como se nada tivesse acontecido? Sem ter
se empenhado na retirada dos rejeitos onde eles ficaram jogados? Sem ter
atendido devidamente os impactados, de Bento Rodrigues até a foz do rio Doce? E
ainda tendo regateado e recorrido sistematicamente do pagamento de multas?

 Até
quando o MAIOR DESASTRE AMBIENTAL da história de Minas Gerais e do Brasil será
tratado desta forma vergonhosa? Até quando o homicídio de 20 vidas (entre elas
2 crianças e uma em gestação) não justificará a devida punição? Até quando a
tragédia vivida pelos moradores de Bento Rodrigues, Paracatu de Baixo e dos
vales dos rios Gualaxo e Carmo será tratada com tanto desrespeito?

 Até
quando o sofrimento de milhares de pessoas, a tristeza de pescadores,
ribeirinhos, dos povos Krenak e Tupiniquim e o ecocídio do rio Watu (o Doce na
denominação indígena) serão tratados de forma irresponsável e menor pelos que
correm pela retomada das operações da empresa, sem revisão do modelo, sem
pagamento de obrigações, sem reparação dos estragos ambientais e sociais? Até
quando empregos para uma população propositalmente refém da mineração vão justificar
novos riscos e perdas ambientais e sociais, inclusive com reflexos no futuro?

 A
Samarco, que é Vale S.A. e BHP Billiton, assumiram riscos muito graves e agora
devem pagar pelo CRIME. Ao transferir suas responsabilidades criminais para uma
fundação batizada com o nome “Renova”, a Samarco e suas controladoras Vale e
BHP Billiton projetaram jogar nas nuvens do esquecimento o seu nome como as
verdadeiras criminosas. E transferir o ônus do crime para os atingidos ou o
meio ambiente tem um nome: covardia.

 Somos
solidários a todos os atingidos e ao meio ambiente impactado e estamos
indignados com o CRIME cometido pela Samarco-Vale-BHP Billiton e a forma como
essas empresas e grande parte das autoridades vêm conduzindo há mais de um ano
as ações após o rompimento da Barragem do Fundão, que NÃO FOI ACIDENTE.

 Belo
Horizonte, 14 de dezembro de 2016

Abrace a
Serra da Moeda

Addaf –
Associação de Defesa e Desenvolvimento Ambiental de Ferros

AMAR
Associação de Defesa do Meio Ambiente de Araucária

APROMAC –
Associação de Proteção ao Meio Ambiente de Cianorte

Arca
Amaserra

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Caminhos
da Serra

CEDEFES-
Centro de Documentação Eloy Ferreira da Silva e a Comissão Estadual da Campanha

Permanente
contra os Agrotóxicos

Danilo
Chammas (advogado popular, defensor de direitos humanos e da natureza e membro
de JnT)

Denise de
Castro Pereira (professora e pesquisadora na PUC Minas)

Fórum
Nacional da Sociedade Civil nos Comitês de Bacia (Fonasc-CBH)

Grupo
Política, Economia, Mineração, Ambiente e Sociedade (PoEMAS)

Helena
Almeida

Instituto
Terramar – CE

MOVER – Movimento
Verde de Paracatu

Movimento
Águas e Serras de Casa Branca

Movimento
Contra a Barragem de Rejeitos de Raposos

Movimento
das Associações de Moradores de Belo Horizonte – MAMBH

Movimento
pela Preservação da Serra do Gandarela

Movimento
pelas Serras e Águas de Minas (MovSAM)

Movimento
Pró Rio Todos os Santos e Mucuri

Projeto
Manuelzão

Reaja –
Rede de Articulação e Justiça Ambiental dos Atingidos Projeto Minas-Rio

Rede
Brasileira de Justiça Ambiental (RBJA)

Serviço
SVD de JUPIC

SOS Serra
da Piedade

TOXISPHERA
Associação de Saúde Ambiental

Unicom
Unidos por Conceição

 

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