Escassez de água: sinal dos tempos?

13/02/2014

Para coordenadores do Projeto Manuelzão, é fundamental manter a permeabilidade do solo e áreas de recarga para que haja armazenamento de água de forma permanente e contínua, nesse contexto, situação do rio das Velhas preocupa.

A
escassez da água é um fenômeno crescente no mundo e se
faz necessária a urgente adoção de medidas de gestão para a
recuperação dos ecossistemas naturais e o desenvolvimento de novos programas e
políticas para a administração e distribuição igualitária e
sustentável do recurso. Isto não depende unicamente de governos ou organizações
supranacionais e sim também de cada um de nós, que movidos pela consciência
ambiental e humana adotamos novos hábitos de uso responsável destes
escassos recursos, assim como participando da toma de decisões e contribuindo
com nosso tempo e esforço a implantação de programas e medidas
orientados neste sentido.

A
adoção do rodízio no abastecimento de água em várias cidades de mineiras como Juiz
de Fora, Pará de Minas e algumas da região metropolitana nos obrigam a refletir
sobre como temos tratado a questão dos recursos hídricos. “A água é um recurso
insubstituível e indispensável aos seres vivos e ao desenvolvimento da
economia. No entanto, sua distribuição no tempo e no espaço é irregular”,
comentam especialistas do Projeto Manuelzão.

Segundo
eles, existem regiões no Brasil com grandes mananciais e elevado índice
pluviométrico e regiões naturalmente marcadas por déficit hídrico, onde a
população convive com a escassez de água praticamente o ano inteiro, como
acontece no sertão nordestino. A região Sudeste possui mananciais importantes,
nos quais o clima tropical, no verão, garante a recarga.

Entretanto,
como alertam, presenciamos nesse início de 2014 um período de estiagem
prolongada, conjugado com temperaturas elevadas. Trata-se de uma condição
meteorológica atípica que provoca o rebaixamento dos níveis dos reservatórios,
comprometendo o abastecimento urbano. Em Minas e outros estados companhias
energéticas estão optando por anunciar um desconto de 30% na conta de quem
reduzir o consumo em cerca de 20%. É uma estratégia que procura recompensar o
consumidor que economiza água. No entanto, não é definitiva e especialistas
revelam que elas podem não surtir efeito imediato, conforme demanda a situação.

“Rodízios,
descontos, racionamentos e caminhões-pipa são medidas emergenciais extremas
que, na verdade, demonstram nossa dificuldade de atuar em eventos dessa
natureza, cada vez mais frequentes nos últimos anos e desafiadores tanto no
campo da previsão/prevenção quanto da gestão”, afirmam.


População sofre com a falta d’água
Para o coordenador
do Projeto Manuelzão, Marcus Vinicius Polignano, é preciso observar aspectos da
escassez e chamar a atenção de que primeiro as chuvas são fundamentais para a
vida e abastecimento de mananciais, mas também para o fato de que temos que ter
água o ano todo, e para isso é fundamental a gestão das bacias. “É fundamental
manter a permeabilidade do solo, as nascentes, os córregos, as matas ciliares e
as áreas de recarga para que haja um armazenamento de água de forma permanente
e contínua para que os rios tenham a vazão necessária para o abastecimento
humano e a manutenção da biota aquática”, destaca ao revelar que a situação do
rio das Velhas é preocupante. “O rio das Velhas é um forte, pois com toda esta
escassez ainda consegue manter o abastecimento da capital com uma vazão de nove
metros cúbicos por segundo”.

Como
explicam ambientalistas, a culpa não deve ser dada apenas ao clima, pois essa
versão que tentam rotular seria muito simplório e cômoda. Para eles, será
necessário priorizar o uso sustentável da água nos setores econômicos
(agropecuária e indústria) e combater o desperdício no consumo doméstico. Mas o
momento também é propício para repensar o que pretendemos com nossos
mananciais. Isso vale para muitas represas que, atualmente, encontram-se
pressionadas pelos impactos adversos do crescimento urbano insustentável.  “Essa crise nos obriga a olhar a questão com
maior profundidade. E dentre as preocupações que envolvem o tema
“água”, uma é imprescindível: a garantia de acesso” ressaltam ao
declarar que de acordo com a ONU, o acesso à água potável (limpa e segura) e ao
saneamento básico é um direito humano essencial.

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