12/08/2021
No segundo número de 2021, refletimos sobre a resistência popular aos desmontes ambientais, sociais e culturais sofridos no país e em nosso estado
A Revista está de cara nova! Esta é a primeira edição de uma nova fase editorial do Projeto Manuelzão e estamos muito felizes em compartilhá-la com você. O tempo traz sempre novas vivências e aprendizados para aqueles que sabem ouvir as gerações que chegam, sem esquecer da história que traçaram. Por isso, o Projeto Manuelzão passou por uma pesquisa de resgate de identidade, mas com o vigor e dinamicidade que os dias atuais podem oferecer.
Quem já acompanha o projeto há alguns anos vai reconhecer clássicas editorias da nossa revista, como “Em que pé que tá”, que busca revisitar temas que foram discutidos em algum momento e merecem um novo olhar. Nesta edição, por exemplo, não poderíamos esquecer da luta da comunidade pela preservação do Parque Estadual da Serra do Rola-Moça. Outra seção conhecida que precisava estar de volta é “Nas Trilhas do Velhas”, que resgata e visibiliza histórias de vida e que merecem nossa atenção ligadas ao Rio das Velhas, nossa referência simbólica e sistêmica que nos alimenta até hoje.
Como sempre, o Projeto Manuelzão mantém-se firme na posição crítica ao atual modelo predatório de relação da sociedade com o meio ambiente. Nesta edição, “O assunto é…” – mais um dos versais tão importantes para nós – as movimentações temerárias de governantes e mercado para privatizar o saneamento básico e acesso à água no país. O que é mais importante: Lucro ou direito universal à água e ao saneamento básico? Fomos investigar.
O novo projeto editorial também propõe caminhos inéditos. As matérias do segmento “Enfrentamentos” trarão sempre disputas em curso que devemos estar atentos, como o desmonte do licenciamento ambiental no Brasil. Em “Jornadas” é possível conhecer trajetórias inspiradoras de pessoas e movimentos sociais que valem muito a pena acompanhar. Já em “Farol Científico”, fica nossa contribuição para o reconhecimento mais do que nunca necessário à ciência e à pesquisa para transformar o mundo.
Temos trabalhado com muito entusiasmo nesta proposta, motivados pelo ideal de resgatar toda a história de conquistas do projeto até aqui, não esquecendo da bacia do Rio das Velhas, onde nascemos, e, sobretudo, mantendo o espírito questionador de um grupo que quer ver uma nova humanidade nascer, mais justa e solidária.
Um último convite: na seção “Relembranças” iremos, a cada edição, resgatar um marco de nossa história. O título do primeiro texto é auto-explicativo: “Assim, tudo começou…”
E, para refletir, vai aqui um trecho do poema Triste Horizonte (1976), de Drummond, sobre Belo Horizonte e a Serra do Curral: “Proibido escalar. Proibido sentir o ar de liberdade destes cimos, proibido viver a selvagem intimidade destas pedras que se vão desfazendo em forma de dinheiro. Esta serra tem dono. Não mais a natureza a governa. Desfaz-se, com o minério, uma antiga aliança, um rito da cidade. Desiste ou leva bala. Encurralados todos, a Serra do Curral, os moradores cá embaixo.”
O poeta termina prenunciando: “Não quero mais, não quero ver-te, meu Triste Horizonte e destroçado amor”.
A Revista Manuelzão 88 pode ser acessada nesse link. Esperamos que gostem. Boa leitura!