FestiVelhas celebra os povos tradicionais do Rio das Velhas

11/09/2018

A 7ª edição do Festivelhas foi realizada entre os dias 6 e 8 de setembro, na cidade de Jequitibá. Com o tema “Povos tradicionais de um Rio”, o evento, este ano, aconteceu junto ao 30º Festival de Folclore de Jequitibá.

A programação, desenvolvida pela equipe do Projeto Manuelzão, compartilhou experiências, homenageou a cultura popular e proporcionou encontros entre a população de Jequitibá, agentes culturais e ambientais em prol da bacia do Rio das Velhas. O evento ocorreu simultaneamente ao 8º Encontro dos Subcomitês da Bacia do Rio das Velhas, organizado pelo CBH Rio das Velhas e com o Festival Internacional de Corais (FIC).

No primeiro dia, um peixe gigante, confeccionado pelos mobilizadores do Projeto Manuelzão, ganhou vida, dançou e passeou pela praça, em meio ao Cortejo, que soava cantigas das Águas.  Na sexta-feira, a Exposição À Margem e o Leito mostrou fotos do Velhas por meio do caminho do Rio, a Oficina Água e Afeto – o rio dentro de mim provocou o relaxamento e a interiorização dos participantes, que, de pés no chão e olhos vendados se deixaram envolver por suave música, sob a copa de uma frondosa árvore.

O evento contou com a presença de Frei Chico, que fez bonito ao conduzir um emocionante “pai nosso” à beira do rio, na despedida de D. Ivana, parceira de luta pelas águas.  Franciscus Henricus van der Poel é holandês, naturalizado “mineiro”, integra a Comissão Mineira de Folclore, é amante da tradição e estudioso dos povos do Vale do Jequitinhonha. O frei, chamado carinhosamente por “Governador da capital mineira de folclore, Jequitibá, fala sobre seus pensamentos em relação à cultura popular. “Nas manifestações das ruas, o povo não quer o poder, ele quer que o poder funcione, que não haja corrupção, que se acabem as desigualdades; os que querem o poder são aqueles que quebram tudo, que querem a revolução e tentam conseguir isto por meio da destruição. Essas coisas passam pela minha cabeça quando vejo o valor da cultura popular. Eu descobri que cultura é vida porque são coisas do nascer ao morrer, do deitar ao levantar e isto é importante”.

O terceiro e último dia de Festivelhas, iniciou a programação com O Segredo das Águas: do invisível ao visível. A oficina mostrou ao público como identificar o nível de qualidade das águas. Por meio de um jogo, desenvolvido pela equipe Manuelzão, os participantes puderam entender, de forma lúdica, como a construção desordenada afeta o território da bacia de um rio. O Festival foi encerrado em grande estilo com a Roda de Conversa Cultura, Diversidade e Água – memórias dos povos tradicionais do Rio das Velhas. A prosa, mediada pela antropóloga Alenice Baeta, reuniu mais de 50 pessoas, entre representantes dos povos locais, acadêmicos e participantes do evento. Indígenas, carroceiros, tropeiros e agricultores falaram sobre seus cotidianos, crenças e a relação com o meio ambiente.

Para Marcus Vinícius Polignano, coordenador do Projeto Manuelzão, “esse momento é de interação e congraçamento entre povos e territórios numa discussão que é pela vida, pela gestão da saúde, do ambiente, numa tentativa de fazer com que as pessoas se apropriem dos seus territórios e ao fazer isso, cuidem de forma melhor e saudável, tanto das águas quanto do seu ambiente e do entorno. O FestiVelhas proporcionou oportunidades. Oportunidade de encontrar pessoas, de ver os problemas, de sentir os caminhos e descaminhos que ainda temos na questão hídrica. Ao mesmo tempo percebo um fortalecimento do território da bacia e a incorporação pela sociedade, sabendo o papel dela no destino do rio das velhas e como fazer para efetivamente entender que sem a ação de todos, o rio não se revitaliza e sem revitalização de rio há de se pensar sempre numa perspectiva ruim para todos”.

Página Inicial

Voltar