Fundo tem verbas contra mudanças climáticas paradas

20/11/2013

Mesmo com os números ainda elevados de emissão de CO² pelos países mais ricos, a evolução das emissões de gases no Brasil teve queda e foi uma das menores dos últimos 20 anos. Principal causa seria a redução do desmate na Amazônia.

Segundo
levantamento, entre 1990 e 2012, as emissões brasileiras cresceram 7%, bem
abaixo da média mundial que foi de 37%. Esses dados foram fornecidos pelo Seeg (Sistema
de Estimativa de Emissão de Gases de Efeito Estufa), um coletivo de Ongs ambientais,
que fez um relatório dos dados mais atuais a respeito do tema no país.

A estimativa foi feita seguindo critérios
científicos do IPCC (Painel de mudanças climáticas da ONU). Apesar de parecer
uma boa notícia, os dados preocupam ambientalistas, pois mesmo o Brasil respondendo
por apenas 2,8% entre os 52 bilhões de toneladas das emissões, a tendência é que
as emissões voltem a subir.

Para ambientalistas e especialistas no
assunto, historicamente o desmatamento tem sido o grande causador das emissões
brasileiras e responde e por mais de 60% do total. No entanto, com sua redução
cresce a participação de outras fontes. O aumento mais expressivo nestes casos,
de acordo com o levantamento, foi no setor energético, que elevou suas emissões
de gases de efeito estufa em 126%, neste mesmo período. Os processos industriais
também tiveram um aumento significativo (65%) e as emissões ligadas à questão
dos resíduos (64%).

O relatório ainda alerta que mesmo tendo sua
matriz energética baseada em fontes renováveis; no Brasil essa “zona de conforto”
está se reduzindo, conforme aumenta a participação de fontes “sujas” na geração
de energia.      

Verbas paradas

Após a notícia de redução das emissões de
gases de CO², foi revelado que três anos após ser criado, o Fundo Clima,
mecanismo de financiamento criado pelo governo federal para combate ao
aquecimento global, ainda possui a maior parte de seus recursos presa no BNDES
e tem aplicado verbas em projetos criticados por estarem fora do escopo da
mudança climática e apenas uma pequena parcela do fundo, incorporada ao
orçamento do MMA (Ministério do Meio Ambiente) para empregar em projetos a
fundo perdido, foi usada.

Apesar de o banco ter recebido R$ 920 milhões
em repasses nos primeiros três anos de operação do fundo, há apenas duas
operações com empréstimos contratados, somando R$ 76 milhões.

Segundo o Ministério
do Meio Ambiente, a implementação do fundo sofreu dificuldades porque, com a
crise econômica, o governo baixou as taxas de juros bancários, mas o Fundo
Clima não pôde ser alterado a tempo de ter seus valores reajustados e com isso,
alguns projetos desistiram do Fundo Clima e foram procurar empréstimos em
outros fundos do BNDES.

O banco diz agora que está revendo as
condições de financiamento e deve anunciar mudanças em breve.

Uma pesquisa orçamentária
feita para um relatório do Greenpeace sobre a Política Nacional de Mudanças
Climáticas mostrou que R$ 1,7 milhão foi empregado em uma campanha publicitária
de educação ambiental. Outro projeto, de R$ 1,86 milhão, foi destinado a recuperar
a mata numa área degradada de mineração em volta do museu do Instituto Inhotim,
em Brumadinho (MG).

Para o presidente do Comitê da Bacia
Hidrográfica do rio das Velhas e coordenador do Projeto Manuelzão, Marcus Vinícius Polignano, a situação reforça que a
questão climática reflete de outra forma, a falta de compromisso ambiental
mundial, governamental, da sociedade e de setores responsáveis. “Há necessidade
de rever as relações para efetivamente controlar ou se ter um controle efetivo da
emissão. Mas, isso não deve sobrepujar as outras questões relacionadas ao
ambiente como a das águas. Se estamos poluindo o ar, estamos fazendo na mesma
proporção a poluição das águas”, ressalta o presidente Polignano ao avaliar que
os dados pesquisados reforçam que os países mais ricos continuam sendo os
grandes poluidores e os menos empenhados na solução das questões planetárias e
climáticas. “Mudanças são necessárias e urgentes”, alerta.

 

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