Humanos não vão migrar para outros planetas - Projeto ManuelzãoProjeto Manuelzão

Humanos não vão migrar para outros planetas

22/10/2019

E o meio ambiente não suporta mais o nosso modo de vida

“Se falarmos sobre planetas extrassolares, deixemos as coisas claras: não emigraremos para eles. Esses planetas estão muito, muito distantes”, essas são as palavras do Nobel da Física de 2019, Michel Mayor.

Da afirmação do físico suíço, podemos retirar o óbvio: a Terra é o único planeta que humanos habitarão em condições naturais e é dele que devemos cuidar. Não há saída, não há outro planeta para nos receber – ao acabarmos com o meio ambiente e os recursos naturais, acabamos com a vida no nosso planeta mãe.

Mayor é especialista em planetas fora do sistema solar e seu trabalho possibilitou a descoberta de mais de 4 mil exoplanetas fora de nosso alcance migratório. Ao aceitar o Nobel, o cientista disse que os humanos precisam abandonar a perspectiva de se mudar para outro planeta no caso de a vida se tornar impossível na Terra.

“Em tese, o que ele rechaçou foram as ambições de habitar um eventual planeta habitável localizado nas redondezas da nossa galáxia, a algumas dezenas de anos-luz da Terra. Não especificamente sobre os planos de instituir colônias ou terraformar planetas menos amigáveis na vizinhança. Mais do que diminuir a importância de ir além da Terra, a intenção de Mayor era enaltecer a urgência de cuidar melhor do nosso planeta — o único no Universo que podemos chamar de casa”, resume a matéria da revista Superinteressante.

Enquanto isso, a natureza segue sobrecarregada

Enquanto o Nobel da Física alerta para a impossibilidade de “trocarmos de planeta”, uma matéria publicada no jornal El País fala da incapacidade da natureza de continuar se regenerando a tempo de atender as demandas do modelo de consumo de recursos naturais atual. Em 30 anos, mais de metade da população mundial sofrerá as consequências dos danos causados ao meio ambiente, afirma a matéria.

“Um amplo estudo modelou o que os diferentes ecossistemas e processos biológicos oferecem hoje aos seres humanos e o que poderão lhes dar em 2050. Por diversas causas, a maioria antropogênicas, processos naturais como a polinização dos cultivos e a renovação da água reduzirão sua contribuição ao bem-estar humano. A pior parte caberá a regiões que hoje têm um maior capital natural, como a África e boa parte da Ásia.”

A pesquisa publicada na revista Science levou em consideração a contribuição dos ecossistemas para processos cruciais para os humanos, entre eles a polinização, a regeneração da água e a proteção que barreiras oferecem nos litorais. Pensando em três diferentes cenários, de acordo com as atitudes da sociedade daqui até 2050, na pior das hipóteses “até 4,45 bilhões de pessoas poderiam ter problemas com a qualidade da água por causa da incapacidade dos diferentes ecossistemas para regenerá-la. Além disso, quase cinco bilhões de humanos sofrerão uma diminuição significativa no rendimento de seus cultivos por causa da polinização deficiente”.

No final das contas, o trabalho conclui que são os países em desenvolvimento que vão arcar com os custos do estilo de vida insustentável que vivemos: “Até 2,5 bilhões de pessoas do leste e sul da Ásia e outros 1,1 bilhão na África sofrerão uma redução na qualidade de sua água. Os riscos costeiros se concentrarão no sul e o norte da Ásia. Enquanto isso, os maiores problemas com a polinização natural caberão de novo ao Sudeste Asiático e África, mas também à Europa e América Latina. Nessas regiões, as pessoas afetadas poderiam se aproximar de 900 milhões”, lê-se em El País.

“Os países em desenvolvimento, que já estavam em desvantagem social e econômica, contavam com supostas vantagens do maior capital natural, mas é aqui onde se degrada mais rapidamente”, diz Unai Pascal, coautor da pesquisa.

Fontes: Revista Superinteressante; El País.

 

Página Inicial

Voltar