Incêndios se alastram pelas serras da Moeda e do CipóProjeto Manuelzão

Incêndios se alastram pelas serras da Moeda e do Cipó

20/08/2024

Tempo seco e baixa umidade impulsionam queimadas que devastam áreas de preservação em Minas Gerais; Santana do Riacho, na Serra do Cipó, decretou estado de emergência

Registro da noite desta segunda-feira, 19, do novo incêndio que atinge a Serra da Moeda. Foto: Giancarlo Borba.

Incêndios de grandes proporções estão atingindo importantes reservas ecológicas nas regiões Metropolitana de Belo Horizonte e Central Mineira. Desde domingo, 18, o fogo se espalha pela Serra do Cipó, na altura da cidade de Santana do Riacho, levando a prefeitura a decretar estado de emergência e forçando o fechamento do Parque Nacional da Serra do Cipó desde esta segunda-feira, 19. Já na Serra da Moeda, entre Moeda, Itabirito e Brumadinho, um novo incêndio se iniciou na segunda, 19, agravando a situação que já era ruim após um incêndio ocorrido no fim do último mês.

Na Serra do Cipó, brigadistas relatam mais de dez focos de incêndio. O combate às chamas envolveu um esforço extra nesta terça-feira, 20, para proteger casas próximas ao parque. Brigadistas do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e a voluntária Brigada Cipó, além do Corpo de Bombeiros, que foi acionado na madrugada de segunda, estão atuando na área. Há suspeitas de que o incêndio tenha sido criminoso, começando às margens da MG-010 e se espalhando rapidamente devido ao tempo seco.

Na Serra da Moeda, o combate ao incêndio entrou no segundo dia. As chamas, que começaram perto da fábrica da Coca-Cola, também às margens de uma rodovia, a BR-040, se alastraram tanto na vertente leste quanto na oeste, afetando várias cidades, incluindo Itabirito, Nova Lima, Ouro Preto, Brumadinho e Moeda.

A operação de combate envolve brigadistas voluntários, a Associação Mineira de Defesa do Ambiente (Amda) e o Corpo de Bombeiros. Segundo o biólogo Francisco Mourão, da Amda, “a situação está longe de ser controlada”. Inclusive, áreas de plantio recuperadas pela Amda ao longo dos últimos dez anos foram destruídas. Ainda não há estimativa do tamanho da área queimada.

 

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Barril de pólvora

A seca severa deste ano, com Belo Horizonte acumulando mais de 120 dias sem chuva, aliada à ação humana, têm sido os fatores por trás das queimadas. A localização remota das áreas afetadas, muitas vezes de difícil acesso e com estradas em más condições, agrava a situação, tornando a mobilização das brigadas e equipamentos mais complicada. Na Serra da Moeda, o relevo acidentado dificulta ainda mais o combate às chamas.

Importância de ações preventivas

A Amda defende a ampliação das ações preventivas para evitar incêndios florestais, como a criação de aceiros, corte de faixas de vegetação em volta de propriedades e matas para impedir propagação do fogo e a queima controlada da biomassa vegetal em áreas vulneráveis, como margens de rodovias. Essas são algumas das ações entre as do chamado manejo integrado do fogo (MIF). Essa abordagem é aplicada em várias partes do mundo, e no Brasil, é utilizada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) e ICMBio, especialmente em unidades de conservação federais.

Em Minas Gerais, o governo estadual adotou o MIF em 2019, após anos de resistência, regulamentando o uso do fogo prescrito, especialmente em áreas protegidas. Contudo, Francisco Mourão destaca as dificuldades enfrentadas pela Amda, particularmente em relação às medidas preventivas, como os aceiros e o fogo prescrito. “Há setores dentro do IEF [Instituto Estadual de Florestas] que se opõem ao uso dessas estratégias. Nós acreditamos que são fundamentais e indispensáveis para a prevenção de incêndios nos próximos anos.”

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