Justiça dá 15 dias para prefeitura de Itabirito decidir sobre projeto de mineradora em área de 62 nascentesProjeto Manuelzão

Justiça dá 15 dias para prefeitura de Itabirito decidir sobre projeto de mineradora em área de 62 nascentes

17/06/2020

Moradores de Ribeirão do Eixo afirmam enfaticamente que o empreendimento irá contaminar as águas das nascentes, fonte de renda para muitos

A comunidade de Ribeirão do Eixo, em Itabirito, a 57 quilômetros de Belo Horizonte, trava uma queda de braço com a mineradora Aston Martin, há pelo menos um ano, pela não instalação de uma unidade de tratamento de minério nos arredores do povoado. A disputa entre a prefeitura da cidade e a mineradora, em razão da unidade ser projetada em uma área de 62 nascentes do córrego do Eixo, teve um novo episódio no início deste mês.

No último dia 2, o juiz de Itabirito Antônio Francisco Gonçalves, deu parecer favorável a liminar impetrada pela mineradora e determinou que, 15 dias após ser notificada, a prefeitura dê parecer sobre a conformidade ou não do empreendimento, sob pena de multa diária de R$ 500.

Segundo a decisão, por conta de mudanças no projeto minerário, que teve a conformidade atestada pela prefeitura em 2014 e 2016, foi solicitada nova documentação, que aguarda parecer da Secretaria Municipal de Meio Ambiente há um ano.

A comunidade de Ribeirão do Eixo é enfática sobre os danos que serão causados pela unidade, que pode contaminar os cursos d’água, que abastecem o rio Itabirito, afluente do Velhas. A área abriga 62 nascentes do córrego do Eixo, que abastecem quase 200 famílias. O manancial é utilizado pela agricultura familiar e criatórios de peixes, fonte de renda para muitos.

“Caso essa mineração seja instalada, toda a água vai virar barro, e não conseguiremos mais usá-la. Não somos contra a mineração, mas eles querem instalar essa unidade em área de nascentes, o que vai atrapalhar todo mundo”, afirmou uma líder comunitária, que pediu para ter o nome preservado, à reportagem do O Tempo. “Vamos arrumar um advogado”, acrescenta.

Para a moradora, a proximidade do empreendimento com a comunidade ainda pode gerar poeira e barulho.

Água especial
O coordenador do Projeto Manuelzão, Marcos Vinícius Polignano afirmou que a água das nascentes do córrego tem Classe Especial – pode ser consumida sem tratamento convencional. “O empreendimento não vai gerar riqueza para a comunidade, somente danos”, critica. Já a defesa da empresa alega que a água não é própria para o consumo humano sem tratamento.

O biólogo Francisco Mourão disse ao O Tempo que pode haver consequências graves se o empreendimento for mal conduzido, pelo fato de Inúmeras espécies de fauna e flora viverem nessas áreas somente.

Local pode ser unidade de conservação
Segundo o Secretário de Meio Ambiente de Itabirito, Frederico Leite, como “o caráter de preservação é notório”, devido à área das nascentes, a secretaria elabora estudo para tornar a região uma unidade de conservação ambiental. O projeto da unidade é analisado também pela Superintendência Regional de Regularização Ambiental, do Estado.

Leia a reportagem completa do O Tempo.

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