Lama do rompimento da Samarco em Mariana aparece em camarões próximos à foz do Rio Doce - Projeto ManuelzãoProjeto Manuelzão

Lama do rompimento da Samarco em Mariana aparece em camarões próximos à foz do Rio Doce

24/08/2022

Pescadores registraram camarões retirados em pesqueiro no Espírito Santo, em meio a lama muito diferente do comum e que atribuem à barragem de Fundão

Quase sete anos após o rompimento da barragem de Fundão, da mineradora Samarco, dirigida pela Vale e a BHP Biliton, os impactos dos 43 milhões de m³ despejados sobre o distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, e que rapidamente atingiram o Rio Doce, ainda se fazem bastante presentes nos ecossistemas e na vida das pessoas que dependem de suas águas. No último sábado, 20, o jornal capixaba Século Diário repercutiu imagens feitas por pescadores em um pesqueiro de camarão tradicional próximo à foz do Doce, em Linhares, em que é mostrada a lama amarronzada encontrada que envolvem os animais, muito diferente da lama natural típica.

A lama tóxica foi encontrada à profundidade de 21 metros, na profundidade permitida pela Justiça para atuação dos pescadores, que é a partir de vinte metros. As imagens foram compartilhadas pelo presidente do Sindicato dos Pescadores e Marisqueiros do Espírito Santo (Sindpesmes), João Carlos Gomes da Fonseca, o “Lambisgoia”, em suas redes sociais.

No vídeo, o pescador profissional mostra a lama amarronzada que envolve os crustáceos achados e que se dilui na água jogada por uma mangueira. Em outra imagem, exibe a lama natural típica dos pesqueiros de camarão, de cor escura e mais dura, que é retirada na forma de uma pedra cilíndrica. O caso é mais um indício da contaminação persistente das águas.

Estudos realizados por pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) apontaram a contaminação do Mar de Regência seis anos após o rompimento. Laboratórios contratados pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) no âmbito do acordo de reparação pelo desastre-crime, encontraram evidências de que a população atingida pela lama do rompimento em 2015 está exposta a metais pesados como cádmio e chumbo.

A Fundação Renova, criada pelas mineradoras responsáveis para conduzir o processo de reparação, tentou na Justiça alterar a metodologia dos estudos conduzidos no âmbito das ação judicial a que responde. O pedido foi negado pois as pesquisas, elaboradas pelo laboratório AMBIOS e pelo Grupo EPA Engenharia e Proteção Ambiental, seguiam as determinações do Ministério da Saúde, apontou a desembargadora responsável pela decisão.

No vídeo compartilhado pelo pescador e presidente do Sindicato, ele questiona: “Será que um dia teremos a real dimensão desse crime, tanto na questão ambiental como na social? Com tudo que temos visto, as análises de águas e pescados é de fato confiável? Uma vida é incalculável! Como se calcula a perda de uma geração inteira que tem o rio e mar como parte de sua vida?”.

Leia a matéria do Século Diário na íntegra.

 

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