04/06/2024
Mostra no Parque Municipal de BH conduz espectadores por um mergulho em experiências de valorização dos cursos d’água e de suas margens
O projeto de extensão “Lembra: isto é rio”, da Escola de Arquitetura da UFMG, apresenta a partir desta quarta-feira, 5, Dia Mundial do Meio Ambiente, uma exposição fotográfica nas grades do Parque Municipal, em Belo Horizonte. A mostra “Lembra: isto é rio” é composta por imagens de nascentes, cachoeiras, cursos e margens do Ribeirão Arrudas, do Ribeirão do Onça e de seus afluentes, a partir do olhar do fotógrafo e cineasta André Carvalho.
As fotografias ficarão expostas até o dia 30 deste mês, em pontos iluminados, permitindo a visitação também no período noturno. Na abertura, os visitantes poderão acompanhar uma visita guiada a partir das 17hrs, em frente ao Teatro Francisco Nunes, no interior do parque. O Parque Municipal Américo Renné Giannetti fica na Avenida Afonso Pena, 1377, Centro.
Grande parte dos cursos d’água das bacias hidrográficas da capital corre canalizada e encoberta por ruas e avenidas até encontrar o Rio das Velhas, na divisa com os territórios de Sabará e Santa Luzia. A exposição é uma maneira de trazer à discussão outros caminhos possíveis e compartilhar belezas e potencialidades das águas urbanas e de seus cuidadores. A iniciativa é do projeto de extensão “Lembra: isto é rio”, da Escola de Arquitetura da UFMG, e conta com apoio do Projeto Manuelzão.
“Devido a políticas urbanas equivocadas, muitas vezes a água é vista nas cidades como sinônimo de enchentes ou esgoto. Mas os córregos, ribeirões e rios na verdade podem ser lugares de bem-estar, lazer e promoção de saúde. É isso que essa exposição quer mostrar. A beleza das águas na cidade já é uma realidade. Só precisa ser bem tratada, principalmente pelo poder público. As fotos nos convidam a conhecer uma realidade para sonharmos com uma cidade amiga das águas, em que possamos passar um domingo de sol na praia na beira do Ribeirão da Onça”, explica o professor Roberto Andrés, coordenador geral do projeto.
Convidado para a exposição, o artista André Carvalho partiu de sua casa, à beira do Córrego do Capão, em Venda Nova, e foi ao encontro de paisagens de águas e de seus habitantes. Esteve junto a pessoas que são referência da ação ambiental praticada no dia a dia, na luta e na lida cotidiana pela sobrevivência de cursos d’água Cercadinho, Ferrugem, Capão, Acaba Mundo, Joões, Izidora, Onça, Arrudas, Brejinho, Maria Brasilina, Tamboril e Bom Jesus.
Os registros fotográficos foram produzidos entre o verão de 2023 e o outono de 2024. André conta que durante seu processo de fotografar “ foi impactante conhecer pessoas comuns e comunidades que se organizaram para lutar e para conseguir produzir coisas interessantes a partir dessas relações com as águas urbanas, desde desvios para retirada de entulhos até a criação de hortas comunitárias”.
O artista lançou no ano passado, em parceria com o Núcleo Capão do Projeto Manuelzão, o documentário Reconciliar, que evidencia a luta pelo Córrego Capão e explora histórias pouco conhecidas da região Norte de Belo Horizonte.
O nome da exposição é uma referência à frase pixada pelo artista Comum, nas vigas de concreto do canal do Ribeirão Arrudas, na região central de Belo Horizonte. A afirmação, que deveria ser óbvia, parece necessária quando, cada vez mais, perdemos a compreensão da nossa relação com as águas (e com a terra, com as plantas, com os bichos). Lembrar não apenas um passado saudoso e romântico, mas ressaltar aquilo que ainda é, e tem toda a possibilidade de seguir sendo: rio.
Assinam a coordenação e pesquisa para a exposição Isabela Izidoro, Elisa Marques e André Mendonça.
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