Mais produção, menos desperdício

25/03/2010

Seminário discute maneiras para melhorar o aproveitamento e gestão da água

“A água é o motor da vida, é ela que gera produtividade”. Foi esse pensamento, apresentado pelo técnico em sistemas de irrigação Antônio Alfredo Mendes, que norteou o Seminário Internacional de Gestão em Recursos Hídricos em Ambientes Urbanos e Rurais. Ocorrido na última terça, 23, no Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura, o evento foi realizado pelo Instituto Mineiro de Gestão das Águas e faz parte das comemorações para o Dia
Internacional da Água. Especialistas apresentaram e debateram projetos que visam melhor aproveitamento dos recursos hídricos tanto na cidade quanto no campo.

As palestras sobre gestão da água em ambientes rurais focaram a irrigação em áreas de escassez hídrica. O professor da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Everaldo Mantovani, expôs um panorama geral sobre a agricultura irrigada no Brasil. Segundo ele, as áreas que contam com irrigação têm aumentado e o país possui alta tecnologia no setor, adaptada a diversos tipos de solo e clima. No entanto, o tema é ainda desconhecido pelos brasileiros, o que impede um crescimento mais acelerado. Mantovani apresentou os principais benefícios trazidos pela agricultura irrigada: expansão na produção de alimentos, tanto em quantidade quanto em qualidade, geração de emprego e renda no campo, diminuição do êxodo rural, maior qualidade de vida e desenvolvimento.

O professor afirmou que é necessário o desenvolvimento de técnicas como o pivô central, no qual uma área circular recebe água de uma tubulação giratória, e o gotejamento, que permite um fornecimento controlado de água na base das plantas por meio de mangueiras. Ambas beneficiam o homem sem prejudicar a natureza. “A questão central é a sustentabilidade”, explicou ele. A UFV já desenvolve diversos projetos nessa área.

A primeira palestra foi ministrada do Professor de Engenharia de Recursos Hídricos da Universidade de Nebraska (EUA), Derrel Martin. A abordagem do professor
americano foi mais técnica, com a exposição sobre os sistemas de irrigação nos Estados Unidos. Ele defendeu o gerenciamento do uso da água como uma forma de maximizar do lucro dos agricultores. Além disso, destacou o crescimento da população mundial, principalmente da de baixa
renda, o que gera alerta sobre a necessidade do aumento da produção de alimentos.  

Antônio Alfredo Mendes, que também é representante da Associação Brasileira de Irrigação e Drenagem, fez coro com Derrel Martin, ao falar sobre o desafio da demanda de comida. Segundo ele, será preciso duplicar a produção alimentícia até 2050, para garantir o abastecimento da população estimada para esse período. Dessa forma, é preciso “produzir cada vez mais, com menos água”. Antônio Alfredo afirmou que na agricultura mundial pouco mais de 15% dos campos são irrigados, e que estes são responsáveis pela produção
de quase metade dos alimentos do planeta. 

O técnico também defendeu políticas públicas que incentivem o aumento da área irrigada e facilitem para pequenos agricultores a compra e uso dos sistemas de irrigação modernos. Segundo ele, as dificuldades para isso são as exigências de muitos documentos, a desinformação e a necessidade de outorga de direito de uso da água. Antônio Alfredo afirmou que o uso racional dos recursos hídricos, por parte dos setores latifundiários, depende da educação.

O debate com os três palestrantes fechou o seminário. Eles responderam às perguntas do público, que compareceu em grande número. As questões se concentraram
mais nas técnicas e projetos existentes nos Estados Unidos do que propriamente na gestão. O balanço final é de que o seminário foi uma oportunidade de levar o conhecimento de políticas sustentáveis a um maior número de pessoas. Como disse Antonio Alfredo: “O desafio de alimentar um mundo faminto irá aumentar”. E a agricultura irrigada pode ser aliada nessa batalha.

Mais informações sobre o evento são encontradas no site www.igam.mg.gov.br

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