27/11/2013
Técnica polêmica de extração do gás de xisto preocupa ambientalistas. Atividade pode contaminar reservatórios de água da região; somente nos EUA, 20 casos de contaminação foram registrados.
Com a atual realidade da escassez
de água e diante de um problema tão grave que assola a humanidade, que pode
ficar sem este bem natural para as próximas gerações, mais um duro golpe pode
estar sendo arquitetado para a Bacia do São Francisco. Segundo informações,
mais uma etapa para a exploração do gás natural nesta Bacia foi vencida e a Agência
Nacional de Petróleo (ANP) concluiu a consulta pública da regulamentação dos
poços que utilizam a técnica do “fraturamento hidráulico”.
Ambientalistas e estudiosos do
assunto estão preocupados com a situação e alertam para a polêmica desta
técnica. De acordo com eles, o processo que é proibido na França, Alemanha e
Inglaterra é acusado de contaminar reservatórios de água em regiões onde foi
utilizado. Nos Estados Unidos a técnica é utilizada, mas, a polêmica ambiental
começou quando surgiram indícios de contaminação de depósitos de água com
produtos químicos e hidrocarbonetos. Somente neste país foram 20 casos de
contaminação do lençol freático. As hipóteses para essa contaminação seriam
duas: as fissuras provocadas pela fratura hidráulica acabaram se comunicando
com os aqüíferos, ou os poços não foram bem revestidos e houve vazamento no
caminho de mais de mil metros entre a jazida e a superfície.
Como explica especialistas, o gás
de xisto da Bacia do São Francisco, assim como seus congêneres de outras
regiões do planeta, fica retido em rocha com pouca comunicação entre os poros e
para ser liberado, é preciso criar fissuras na rocha, ai entra a fratura
hidráulica, que consiste na detonação de pequenas explosões subterrâneas e
injeção em alta pressão de água, produtos químicos e areia no reservatório.
Para minimizar os riscos com a
exploração, a ANP propôs que os concessionários possuam sistemas de gestão
ambiental: licença ambiental para atividade; estudo que garantam a proteção de
recursos hídricos e outorga adequada para uso e disposição das águas.
Para o presidente do Comitê da
Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas e coordenador do Projeto Manuelzão, Marcus Vinícius Polignano, a
preocupação vai além de propor normas e deve ser repensada. “È preciso refletir
sobre o processo e seu efetivo custo-benefício de extração e prejuízos
ambientais que serão gerados. A contaminação do lençol freático é um alto preço
a se pagar e não queremos isso para nossas Bacias”.
Entenda os processos:
Gás convencional – retido em rochas em que os poros se comunicam, é
extraído com facilidade para a superfície.
Gás de xisto
Processo de exploração preocupa ambientalistas. ou não convencional – retido em rochas em que os
poros não se comunicam, precisa ser liberado por meio da fratura hidráulica.
Fratura hidráulica – rompimento das rochas que prendem o gás de
xisto por meio da injeção de uma mistura de água, areia e componentes químicos
na jazida.