06/01/2014
No último dia 6, mais uma turma de estudantes foi enviada para o Internato nas cidades que compõem a bacia do rio das Velhas. Para orientadores, uma experiência única na vida dos estudantes.
O Internato Rural é uma disciplina obrigatória do curso
de graduação em Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG),
ministrada no 11º período. Chamada hoje de Internato em Saúde Coletiva,
se desenvolve em rodízios trimestrais sucessivos, enviando os alunos para
cidades do interior do Estado, e para a região Metropolitana de Belo Horizonte.
É um programa de
ensino que oferece aos estudantes a oportunidade de aprender de perto as
relações entre Medicina e Sociedade, vinculando o ensino acadêmico aos Serviços
Públicos de Atenção Médica. Seus frutos são a promoção da integração dos
estudantes junto às diversas formações sociais, a consolidação do aprendizado e
uma experiência de vida inesquecível.
Na manhã do último dia 6, na Faculdade de Medicinada UFMG,
mais uma turma de estudantes foi enviada para o Internato nas cidades que
compõe a bacia do rio das Velhas. Para um dos orientadores das turmas e coordenador
do projeto Manuelzão, professor Marcus Vinícius Polignano, uma experiência
única na vida dos estudantes.
“Vocês com certeza serão outros após o internato. Passar
por essa experiência é vivenciar as comunidades sócio e ambientalmente, é viver
outro tipo de abordagem em questões que envolvem a saúde da população”, disse Polignano
ao revelar que é preciso esforço e entrega dos alunos para viver plenamente a
experiência.
São cerca de 20 alunos que estarão divididos e acompanhados
por professores orientadores. “Realmente viver a comunidade é se relacionar com
ela” ressaltou um dos estudantes durante a aula.
“A perspectiva é se envolver e trabalhar as questões
coletivas da comunidade. Conviver com as equipes de saúde, com as pessoas
responsáveis e assim se aproximar da realidade local”, afirma o professor Polignano.
Professores e alunos durante palestra
Segundo ele, o Internato Rural desde seu início foi fundamental
para a interiorização médica das questões de saúde. “Nossa proposta pedagógica
passa a ser vivenciar a realidade para transformá-la. Desde modo observamos que
a mudança é possível e que é preciso desenvolver políticas de prevenção. Nosso
objetivo é continuar construindo a história do Internato”, destaca Polignano.
Histórico
O Internato Rural nasceu em 1978, a partir do processo de
mudança pelo qual passou a educação médica no País e, em especial, na Faculdade
de Medicina da UFMG, com o objetivo de formar um médico “generalista,
policlínico, capaz de prestar a assistência primária de saúde e exercer a
medicina comunitária.
“Estágio de caráter obrigatório, o Internato Rural
propicia aos estudantes a vivência, de forma autônoma, da realidade sanitária
nos municípios. A UFMG foi a primeira a instalar um programa desse tipo no
Brasil.
A experiência começou com o estágio voluntário de um
grupo de alunos na região do Vale do Jequitinhonha. Logo depois foi
desenvolvido um embrião do Internato, nas Unidades de Saúde do Centro Regional
de Diamantina, que naquele momento experimentava um modelo de medicina
simplificada, buscando estar mais próximo das necessidades reais da população.
A implantação do projeto, na região polarizada por Montes Claros, foi fruto de
um convênio entre Governo Brasileiro e a Usaid (United Stantes Agence for
International Development), em 1974, que liberou recursos para a construção de
uma rede de centros de saúde e para o treinamento de pessoal auxiliar.
A partir dos meados da década de 80, com o surgimento das
AIS – Ações Integradas de Saúde e do SUS – Sistema Único de Saúde, o Internato
reformula os seus objetivos. A proposta pedagógica passa a ser do
“vivenciar a realidade” para o “transformar a realidade”.
Em 1996, foi criado o Internato na área da Bacia do Rio das Velhas, o que deu
origem ao Projeto Manuelzão.
Ao completar 30 anos, em 2008, o programa, hoje chamado
de Internato em Saúde Coletiva, continua reavaliando permanentemente seus
objetivos e metodologia. Busca cada vez mais a atuação numa perspectiva
multidisciplinar, incluindo não só a assistência, mas também o planejamento das
ações de saúde.
Fonte: http://www.medicina.ufmg.br/internatorural
Um das primeiras fotos do Internato ainda com o protagonista Manuelzão