17/12/2025
Equipe de educação ambiental demonstrou metodologia aplicada em 76 escolas da bacia do Rio das Velhas que formou 11.700 estudantes em dois ciclos
A equipe de educação ambiental do Projeto Manuelzão apresentou, no VII Encontro do Pró-Mananciais, realizado entre os dias 3 e 5 de dezembro, em Caeté, os resultados do método de monitoramento experimental participativo, realizado no âmbito do acordo de cooperação técnica entre a Copasa (Programa Pró-Mananciais) e a Fundep (Projeto Manuelzão). A parceria visou a educação ambiental do Pró-Mananciais na bacia do Rio das Velhas.
A apresentação foi direcionada a funcionários da Copasa e integrantes dos Coletivos Locais de Meio Ambiente (Colmeias) e demonstrou como a metodologia aplicada às escolas gera dados relevantes para a triagem inicial de qualidade de água, mesmo com recursos limitados.
Vanda Cardoso, bióloga do Projeto Manuelzão e coordenadora das ações de educação ambiental no contexto do acordo, conduziu a exposição e destacou o caráter complementar do trabalho em relação às análises técnicas realizadas pela Copasa. A coordenadora explicou que o objetivo não é alcançar a precisão de laboratórios, mas despertar a percepção ambiental dos estudantes e fornecer informações que possam indicar pontos que necessitam de investigação mais aprofundada.
O monitoramento participativo consiste na coleta de amostras de água em afluentes próximos às escolas e na análise de parâmetros como pH, turbidez, temperatura e concentração de oxigênio dissolvido. A metodologia utiliza kits simplificados e parte da água do rio “como ela está”, sem pré-tratamentos complexos, refletindo a realidade ambiental local.
O trabalho começou em 2021, com um primeiro convênio que abarcou 35 escolas em vinte municípios e formou 5 mil alunos. O segundo ciclo, encerrado neste dezembro, alcançou 41 escolas em 26 municípios entre setembro de 2024 e julho de 2025, com a participação de 6.745 estudantes. Nos dois ciclos, 11.700 estudantes de 76 escolas em 46 municípios participaram das ações de educação ambiental.
Vanda enfatizou durante a apresentação que os dados coletados pelas escolas funcionam como sistema de alerta precoce, capaz de identificar variações na qualidade da água e sinalizar situações que merecem atenção da Companhia de Saneamento. A metodologia oferece uma perspectiva de monitoramento contínuo e descentralizado ao longo da bacia.
Para dar suporte ao trabalho de campo, a parceria investiu na produção de material educativo. O ônibus do Manuelzão funcionou como museu itinerante, percorrendo as escolas com estandes que exibiam vidrarias, exemplares de peixes da bacia e maquetes sobre mata ciliar. A publicação pedagógica Navegar, Pescar e Nadar em Rios Vivos, distribuída a partir de outubro de 2024, serviu de apoio para professores trabalharem temas relacionados à água com turmas de quinto e sexto anos.
O ciclo pedagógico incluiu visitas às estações de tratamento de água da Copasa. Entre maio e outubro de 2025, foram realizadas oito visitas técnicas à estação de tratamento de Várzea da Palma e à estação Morro Redondo, no bairro Belvedere, em Belo Horizonte. As atividades permitiram que os estudantes compreendessem o processo de tratamento e a importância da preservação dos mananciais.
O VII Encontro do Pró-Mananciais reuniu mais de 400 pessoas e celebrou os resultados do programa ao longo de três dias. No segundo dia, o evento promoveu oficinas temáticas direcionadas à capacitação e ao fortalecimento dos Colmeias, grupos formados principalmente por moradores e instituições parceiras que participam do diagnóstico, planejamento e monitoramento das ações nos territórios.
O Pró-Mananciais foi criado em 2017 e já se consolidou como referência nacional pelas iniciativas de proteção, conservação e recuperação de microbacias hidrográficas em Minas Gerais. Atualmente presente em 288 municípios, o programa supera R$ 169 milhões investidos em ações que promovem recuperação ambiental e melhoria da qualidade da água nos mananciais utilizados para abastecimento público pela Copasa.
A apresentação do Projeto Manuelzão durante o encontro reforçou a importância da educação ambiental prática e do engajamento comunitário como ferramentas complementares ao trabalho técnico de gestão hídrica.