24/09/2019
A data escolhida foi o dia mundial sem carro
No último, dia 22 comemoramos o dia mundial sem carro pedalando pela cidade. A cicloexpedição, que acontece desde 2015, é uma forma de surpreender as pessoas pela riqueza que há em conhecer novos espaços da cidade onde também existem rios, hortas, coletivos, histórias, pessoas e movimentos. A ideia é pedalar juntos, com muita alegria e coletividade.
Saindo da Praça da Rodoviária, começamos pelo “Rolezin Lagoinha” realizado pelo coletivo Viva Lagoinha, que busca valorizar e reconhecer a história do bairro e pensar em espaços de troca, convivência e geração de renda de forma criativa com os moradores. Conhecemos a história dessa região de Belo Horizonte por meio dos grafites, da Praça do Peixe, da região de bohemia, da casa da loba, e dos antiquarios da Rua Itapecerica.
Em seguida, fomos conhecer o Quital do Sô Antônio, experiência de vivência agroecológica na beira da Av. Antônio Carlos e ficamos encantados com a transformação daquele espaço de solo e clima hostil em um ambiente vivo, com borboletas, flores e sombras. Fizemos um piquenique e seguimos para o Parque do Brejinho.
Lá no Brejinho, fizemos uma roda na qual o coletivo que vem atuando com plantio agroflorestal apresentou a experiência, iniciada pela fala da Lindaura, que atua na luta pelo Parque desde 2007. A alegria e a festa tomaram conta, com direito a banho de mangueira, roda de côco, forró e capoeira angola. As pessoas ficaram encantadas com o lugar e o potencial do espaço. De lá o grupo seguiu de volta para o cortejo com as Lobas da Lagoinha.
O que é a cicloexpedição?
Um rio que passa pela cidade. Com seus afluentes, seus meandros, suas nascentes, suas quedas d’água, suas corredeiras e seus poços. E as pessoas que passam pelos rios. Com seus carros, a pé, de bicicleta, ou pelas janelas dos ônibus: os cidadãos encontram as águas? Os rios encontram a rua?
Em uma cidade construída na bacia dos Ribeirões Onça e Arrudas, poucos são os que conhecem e têm contato com as águas na cidade. Além de receberem os esgotos de Belo Horizonte, desde a sua fundação, grande parte dos cursos d’água foram canalizados e tampados, ficando abaixo das ruas e avenidas da metrópole.
Pensando nessas ruas, nessas águas, nesses caminhos e formas de ver, viver e conviver na cidade, grupos de ciclistas, bicicleteiros, ambientalistas, urbanistas, pessoas que trabalham com as águas e com a mobilidade urbana se uniram para organizar as cicloexpedições.
Tendo percorrido os principais cursos d’água da cidade, Arrudas e Onça, em suas primeiras edições em 2015 e 2016, em 2018 são os afluentes que protagonizaram cada percurso: pelo córrego do Leitão (junho), pelo Ribeirão Izidora (julho), pelo córrego Navio-Baleia (agosto) e pelo córrego Vilarinho (setembro), com a participação de cerca de 500 pessoas.
Mas o que une a mobilidade urbana, os movimentos pelas águas, as ciclistas e as pessoas que participaram das cicloexpedições? Quem pedala em Belo Horizonte sabe que, apesar dos morros, é possível pedalar longos trechos, atravessando a cidade por vias mais planas: são os fundos de vale, locais por onde passam os rios. Entretanto, muitos desses vales são hoje grandes avenidas, pois o enterramento dos córregos nas cidades sempre seguiu lógicas higienistas e rodoviaristas, tomando os rios como problemas a serem eliminados da paisagem e cedendo mais e mais espaço para automóveis.