13/11/2020
Projeto Água Limpa visa ampliar o conhecimento e a interação dos moradores de Água Limpa com seu território, através de oficinas temáticas que discutem nascentes
O Projeto Manuelzão realizou uma série de oficinas e encontros no bairro Água Limpa, localizado entre Nova Lima e Itabirito, abordando práticas de saneamento ecológico e educação ambiental para preservação de nascentes. As atividades com a comunidade local, realizadas no mês de outubro e na primeira quinzena de novembro, tinham como objetivo ampliar o conhecimento e a relação pertencimento dos moradores com seu território, lar de dezenas de nascentes que formam o rio das Velhas.
O primeiro encontro foi do Núcleo Manuelzão, realizado no dia 9 de outubro, com o intuito de levar para uma mesa de discussões a comunidade e os órgãos públicos, ouvir e compreender as demandas dos moradores e promover o fortalecimento coletivo local.
As Oficinas de Nascentes foram realizadas nos dias 15 e 22 de outubro, em um formato de travessia. Caminhando ao lado dos cursos d’água, a comunidade aprendeu, ensinou e partilhou informações em um percurso rico em suas peculiaridades. A proposta era oferecer uma experiência sensorial capaz não apenas de prover educação ambiental para preservação das nascentes e de todo local, como também ampliar a relação de pertencimento da comunidade com suas fontes de água.
Nos dias 17, 24 e 31 de outubro, foi a vez do curso de Saneamento Ecológico. Em três encontros, foi realizado um debate educacional referente ao tratamento e cuidado das águas, abordando de abastecimento a redes pluviais ( isto é, formadas por água oriunda da chuva), buscando promover melhor saúde e qualidade de vida para a comunidade e a preservação dos cursos d’água.
O primeiro encontro, foi focado na compreensão de como os moradores estão cuidando de suas aguas e produzindo seu próprio saneamento. Já no segundo encontro, foram apresentados diferentes tipos de tratamento no saneamento básico, convencionais e alternativos, para que no ultimo dia, fosse realizado, na prática, um modelo de tratamento de água alternativo, podendo ser replicado entre a própria comunidade.
No começo de novembro, foi realizada mais uma reunião de Núcleo Manuelzão e ainda uma oficina de Troca de Saberes, na qual abordou-se a riqueza das ervas medicinais, sua importância cultural e na prevenção de doenças e como o contato com a terra é capaz de criar relações de cuidado com o meio em que vivemos.
Ainda estão previstas duas outras oficinas, uma, de tratamento de resíduos sólidos, focada na implantação de lixeiras em pontos de descarte do lixo doméstico e construção de composteiras residenciais e outra, sobre o plantio de plantas nativas.
Água Limpa
A história de Água Limpa, comunidade entre Nova Lima e Itabirito, começa na década de 1950, com a idealização do Balneário Náutico Água Limpa – um planejamento ousado como o da Pampulha, que não foi finalizado – e chega aos dias de hoje como uma ocupação feita por pessoas vindas de diversos lugares, buscando ali, entre as nascentes, um lar.
Água Limpa é uma comunidade rica em águas, como o nome já diz. Localizada no Alto Rio das Velhas, é um território de canga, terra rica em ferro, e potente na absorção das chuvas necessárias à recarga hídrica que abastece nossos mananciais.
Por ser tão rica, é uma terra que está em constantes conflitos com a mineração. Que enfrenta problemas com o grande crescimento populacional e que ainda carece de abastecimento de água e tratamento de esgoto.
As soluções encontradas pelos moradores para esses problemas, que em geral envolvem poços, cisternas e o descarte de as águas em fossas rudimentares, representam risco à saúde, ao meio ambiente e aos cursos d’água. E é nesse ciclo de uso das águas que o Projeto Manuelzão passou a atuar ali, realizando com os moradores um movimento de preservação.
Sobre o Projeto
O Projeto Água Lima visa ampliar o conhecimento e a interação dos moradores de Água Limpa com seu território, através de oficinas temáticas que discutem nascentes, o cuidado com o solo e a destinação correta de resíduos. Outra frente importante é a criação do Núcleo Manuelzão, que abre espaço para o diálogo entre moradores e órgãos públicos. Essas ações preveem, além dos encontros e a troca de saberes, a produção de material didático, contendo implantação de placas educativas e de fossas ecológicas e a capacitação de agentes de saúde.