18/06/2019
Exploração entre Sabará e Raposos está na mira do MP e foi alvo de denúncias da PM, da secretaria de meio ambiente e da Cemig
O Rio das Velhas, responsável por mais da metade do abastecimento hídrico da capital mineira e seus municípios vizinhos, está sendo ameaçado mais uma vez pela mineração. Entre Sabará e Raposos, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, uma área de 28 hectares de mata de galeria de Cerrado e Mata Atlântica foi desmatada por máquinas pesadas, sem licenciamento, de acordo com a Polícia Militar e a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad).
A responsável pelo dano é a Fleurs Global Mineração, que pretende dragar areia do leito do Velhas para minerar ouro e outros minerais. De acordo com matéria do Jornal Estado de Minas, “essa área tinha uma vegetação nativa e em regeneração até 2017, segundo imagens de satélites, mas que foi totalmente suprimida desde então, dando lugar a terraplanagens e estruturas minerárias. Estradas rurais estão sendo alargadas, máquinas abrem espaço para tanques, pontes e posicionamento de maquinários dessa planta de extração de ouro. Quatro barramentos para recebimento de areia do fundo do Rio das Velhas, separação e beneficiamento de ouro já foram escavadas e operários trabalham incessantemente no espaço.”
“Tem sido constatado que o Rio das Velhas tem apresentado uma coloração bastante turva, problema que foi intensificado no início de março de 2019. Analistas ambientais do CBH realizaram uma visita ao local do empreendimento Fleurs Global Mineração e foi verificado in loco que a turbidez do rio das Velhas se deve ao tributário que tem carreado muitos sedimentos para o rio”, afirma o coordenador do Projeto Manuelzão e presidente do CBH Rio das Velhas, Marcus Vinícius Polignano.
Ainda de acordo com a matéria do Estado de Minas:
Fiscais da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) estiveram no local em 4 de abril deste ano e lavrou o auto de fiscalização 39.364/2019 e 197.181/2019, por “instalar atividade potencialmente degradadora de meio ambiente sem a devida licença ambiental, sendo feita a suspensão das atividades”. Sete dias depois, policiais da mesma unidade retornaram ao empreendimento e registraram nova ocorrência, desta vez por “atividade potencialmente poluidora ao meio ambiente sem licença”, desta vez em atendimento a requisição do Ministério Público.
Foram constatadas irregularidades pelos policiais, como “intervenção em área de preservação permanente com supressão de vegetação nativa”, “diversos pontos de novos desmates”, “foi constatado o desrespeito à suspensão da atividade mediante: operação de uma máquina escavadeira de esteira onde ocorreu supressão de vegetação nativa da mata atlântica em área de construção de alvenaria para servir de casa de bombas e passagem escavada de tubulação”, “intervenção em recursos hídricos, mediante a escavação de parte do leito do córrego, de modo a armazenar mais água” e “foram encontrados no local entre 20 e 30 pessoas trabalhando, como consequência foi lavrado novo auto de infração pelo desrespeito da suspensão de atividade”, entre outras.
Com informações do Jornal Estado de Minas.